Moraes assinou a medida na noite de ontem (12). Ele atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR), feito na terça-feira (10). Na quinta (12), o órgão pediu a abertura de outro inquérito, para identificar os mentores intelectuais dos ataques.
Na decisão de abrir o novo inquérito, o ministro apontou indĂcios de que teria havido no mĂnimo omissão e conivĂȘncia do mandatĂĄrio distrital e de seus auxiliares em facilitar os crimes violentos cometidos em BrasĂlia, quando as sedes TrĂȘs Poderes da RepĂșblica foram amplamente depredadas.
Moraes destacou ĂĄudio de Fernando Oliveira, que comandava a SSP-DF no dia dos atentados, orientando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre como se daria a escolta policial deles até o centro de BrasĂlia, onde os radicais invadiram os prédios pĂșblicos.
Outro indĂcio foi o fato de o titular da SSP-DF na ocasião, Anderson Torres, ter exonerado toda a cĂșpula de segurança do DF e depois ter viajado para os Estados Unidos, dias antes do ataques. Moraes também ressaltou notĂcia de que a AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia (Abin) teria alertado as autoridades distritais ainda no sĂĄbado anterior aos ataques sobre o risco de atos violentos, e ainda assim nada foi feito para impedir o vandalismo.
"Mesmo ciente do iminente risco e tendo o dever de adotar providĂȘncias para evitar os fatos do dia 8, dada a pĂșblica e notória chegada de dezenas ou centenas de ônibus a BrasĂlia conduzindo manifestantes que declaradamente afrontariam os Poderes da RepĂșblica objetivando a ruptura do Estado de Direito, a imprensa noticiou que o governador Ibaneis Rocha, na véspera dos fatos, dia 7 de janeiro de 2023, havia liberado manifestações na Esplanada dos Ministérios", escreveu Moraes.
O ministro afirmou também que a "democracia brasileira não serĂĄ abalada, muito menos destruĂda, por criminosos terroristas. A defesa da democracia e das Instituições é inegociĂĄvel". Usando palavras duras, Moraes acrescentou que ninguém deverĂĄ ficar impune.
"Absolutamente todos serão responsabilizados civil, polĂtica e criminalmente pelos atos atentatórios à democracia, ao Estado de Direito e às Instituições, inclusive pela dolosa conivĂȘncia? por ação ou omissão? motivada pela ideologia, dinheiro, fraqueza, covardia, ignorância, mĂĄ-fé ou mau-caratismo", acrescentou.
Sobre o fato de que governadores tĂȘm foro privilegiado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e não no Supremo, Moraes argumentou que os indĂcios apontam possĂvel ação de Ibaneis junto com outras pessoas que devem ser investigadas no Supremo. Além do mais, houve crimes praticados na sede do STF, o que atrai a competĂȘncia do tribunal.
Ibaneis Rocha foi afastado de suas funções pelo próprio Moraes, ainda na madrugada de segunda (9), horas depois do atos violentos. Torres, por sua vez, é alvo de ordem de prisão expedida pelo ministro. O ex-secretĂĄrio encontra-se fora do paĂs, nos Estados Unidos. Segundo sua defesa, ele deve se entregar nos próximos dias.
A AgĂȘncia Brasil busca contato com a defesa dos alvos da investigação.
Fonte: AgĂȘncia Brasil