"Precisamos nos aproximar de temas como diversidade de gênero, assim como das pessoas que vivem essas realidades, para entender melhor seus problemas e suas vivências". A fala é da juíza Carolina Valões, coordenadora do Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal), durante uma palestra promovida pelo programa.
Com o tema "Diversidade de Gênero e Direitos Fundamentais", a palestra foi realizada no Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) e direcionada para cerca de 200 estudantes de escolas contempladas pelo PCJE.
Carolina Valões falou a respeito de diversidade de gênero e direitos fundamentais aos estudantes. Foto: Adeildo Lobo
A juíza iniciou a palestra apresentando os conceitos de gênero, sexo biológico e orientação sexual, explicando em detalhes a diferença de cada individualmente. De acordo com Carolina Valões, gênero é definido pela maneira que o indivíduo enxerga e pensa sobre si (homem, mulher, não-binário, etc), sexo biológico pela genitália ao nascer (masculino, feminino ou intersex) e a orientação sexual de acordo com o sexo pelo qual se tem atração (heterossexual, homossexual, bissexual, etc).
Estudantes ouvem atentamente as falas da juíza Carolina Valões. Foto: Adeildo Lobo
A magistrada também orientou os estudantes a terem muito cuidado ao "brincar" com os colegas, pois diversos termos carregam pesos socialmente pejorativos em relação à comunidade LGBTQIA+, e levar o tema como brincadeira contribui com o fortalecimento de tais estereótipos. A juíza reiterou que identidade de gênero e orientação sexual não devem ser alvo de chacota, pois homofobia e transfobia são atos criminosos.
"Se ao se olhar no espelho, a pessoa não se vê como o gênero atribuído ao nascimento, é uma pessoa trans, e é obrigação de todo indivíduo reconhecê-la como tal. Basta que ela sinta e seja a pessoa com quem ela se identifica", enfatizou.
Encerrando a palestra, a juíza Carolina Valões deu uma breve explicação aos adolescentes a respeito dos direitos fundamentais de todo indivíduo, como a liberdade, igualdade formal e direitos políticos. Ela enfatizou que, infelizmente, para a população LGBTQIA+, muitas vezes esses direitos são violados. Ao fim da ação, a magistrada respondeu dúvidas e ouviu relatos dos estudantes a respeito da temática.
Juíza Carolina Valões respondeu dúvidas trazidas pelos estudantes. Foto: Mauricio Santana
Para Jamilly Maria, de 16 anos, aluna da Escola Estadual Professor José da Silveira Camerino, as informações das falas da magistrada auxiliam a ter noção de como reconhecer e agir diante de situações de preconceito. "Quando a gente for mais velho, teremos certa ideia de como agir com nossos familiares, amigos e sociedade em geral, que possa sofrer preconceito por ser LGBT. Abordando esse tema agora, quando a gente é jovem, já nos prepara para esse processo", afirmou a estudante.
A estudante Jamilly Maria, aluna da 2ª série do ensino médio da Escola José da Silveira Camerino. Foto: Mauricio Santana
Já para a juíza Carolina Valões, o objetivo é que os estudantes absorvam o conteúdo da palestra e repassem para colegas, familiares e todas as pessoas possíveis. "A gente aborda essa temática, para que além de aprender, esses estudantes possam servir como replicadores de tudo o que ouviram aqui. Se cada um deles falar a respeito para pelo menos uma pessoa, já contribui um pouco para uma sociedade mais justa", finalizou.