A atividade policial militar é vista por muitas pessoas como um bom exemplo de profissão. Não é raro os profissionais da segurança pública se depararem com admiradores e fãs, além de inúmeras pessoas declarando o quanto sonharam ou ainda sonham em ser policial. É um dos ofícios mais desejados na infância e vive no imaginário popular como referência de disciplina, brio, dignidade e honra.
Na proximidade da data de comemoração ao Dia dos Pais, a Diretoria de Comunicação da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL) reuniu histórias de pais que educaram e formaram filhos que um dia escolheriam o militarismo como profissão.
Pai e filhos militares
O sargento da PM-AL, José Maurício Oliveira, sabe bem o que é ter se tornado referência para outras pessoas. Seguindo seu exemplo e com o seu incentivo, seus três filhos, Vagner, Vanessa e Jéssica, decidiram ingressar na carreira militar. Hoje eles fazem parte dos quadros da ativa da Polícia Militar de Alagoas e do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas. O sargento, que atualmente encontra-se na reserva remunerada, reflete como a sua própria trajetória inspirou as escolhas de seus filhos.
"Há alguns anos, as dificuldades para se educar uma criança eram bem maiores, em vários aspectos. Em razão da falta de recursos, precisei vencer as privações e fazer alguns sacrifícios, pois a minha maior preocupação era que meus filhos tivessem oportunidades e crescessem como pessoas honestas e de bom caráter. E então, eles fizeram melhor do que eu esperava: decidiram ser militares também", ressaltou o sargento, natural do município de Viçosa, em Alagoas, onde viveu a maior parte de sua infância, em meio a inúmeras dificuldades, ao lado dos pais e 11 irmãos.
O primeiro dos filhos a ingressar na Corporação foi o tenente Vagner Martiliano, no ano de 2013, após prestar concurso, à época, para Soldado Combatente. Meses depois, antes de concluir o Curso de Formação de Praças (CFP), realizou novo concurso e foi admitido no Curso de Formação de Oficiais (CFO), sendo declarado aspirante a oficial no final de 2016. Tendo atuado nas Unidades 4º BPM e Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam), atualmente ele ocupa o cargo de subcomandante da Companhia de Polícia Militar Independente - Ronda de Ação Intensiva Ostensiva (CPMI/Raio).
"Uma das melhores lembranças que tenho da minha infância é do meu pai me levando para o quartel. Eu cresci naquele ambiente e vê-lo fardado despertou em mim o desejo de seguir seus passos. Toda a minha trajetória militar foi acompanhada de perto por ele e ainda conto muito com seu direcionamento e orientação. Meu pai sempre foi extremamente presente e dedicou a vida para oferecer o melhor a sua família. Temos muito orgulho de tudo o que o nosso herói representa para nós, como pessoa e como profissional", enfatizou o tenente, também pai, do pequeno Gabriel, de três anos.
Anos depois, em 2018, foi a vez da irmã mais velha, Vanessa Martiliano, ingressar na PM-AL, também no cargo de soldado. Em maio de 2024, a caçula, Jéssica Martiliano, se formou no Curso de Formação de Praças do Corpo de Bombeiros Militar-AL. Para as irmãs, a influência positiva do pai foi decisiva para o caminho que decidiram trilhar.
"Nosso pai sempre nos transmitiu os seus valores, entre eles a honestidade, o caráter e a dedicação em tudo. Lembro do meu orgulho ao falar como meu pai protegia as pessoas e isso certamente me motivou a também escolher uma profissão que protege e salva. Com todo seu apoio e incentivo, este ano realizei meu sonho e me tornei bombeira militar", destacou Jéssica.
Vanessa completou com a descrição do que para eles significa ser exemplo e referência. "Nosso pai, além de tudo, sempre foi um excelente marido e com isso aprendemos em casa, desde pequenas, o quanto as mulheres devem ser respeitadas, trazendo isso para a nossa vida pessoal também. Ele e a sua profissão sempre nos trouxeram a ideia de admiração, honestidade e honra", acrescentou, ao destacar o quanto cresceram em um ambiente leve e acolhedor, já que uma das principais qualidades do patriarca, era o bom humor.
Atualmente, a soldado BM Jéssica trabalha no Batalhão de Socorros e Emergência do CBM-AL, enquanto a soldado Vanessa, que encontra-se de licença à maternidade, atua desde a sua formação no Batalhão Rodoviário (BPRv).
Do trabalho na roça à filha formada
A história da família da cadete do Curso de Formação de Oficiais (CFO), Soraia Ferreira, mostra que para formar um bom caráter num filho militar não é preciso, necessariamente, ter sido policial. Seu pai, Adilson Vieira, tem 60 anos, mora na zona rural de Arapiraca e, trabalhando na roça, criou e passou seus valores para a filha.
Antes de ser pai, Adilson já tinha a experiência da responsabilidade, afinal como filho mais velho de um pai ausente, trabalhou desde muito pequeno e ajudou a mãe a criar os sete irmãos.
"Meu pai trabalhou na roça a vida inteira. Lembro dele contando que segurava o lampião madrugada adentro para a minha avó trabalhar na lavoura. Em 2011, ele conseguiu um emprego como motorista de uma distribuidora. Era uma boa oportunidade, mas como precisaria passar muito tempo fora de casa e, ao perceber que não iria conseguir acompanhar o meu crescimento, decidiu abandonar aquele emprego e voltar a trabalhar na terra, pois assim estaria mais perto de mim", recordou Soraia emocionada, acrescentando que sempre ouviu de seu pai que ela tinha perfil para a atividade policial.
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, o pai da cadete Soraia sempre a incentivou a estudar.
"Naquele período eu não conseguia pagar uma escola particular, mas eu e a mãe dela fizemos de tudo para ela conseguir realizar os próprios sonhos. A gente acordava muito cedo, pois de onde morávamos para a escola, eram quase duas horas de viagem. Ela ia em um ônibus do estado até uma escola pública em Arapiraca. Soraia estudou, batalhou e se formou em Direito. Hoje olho para a minha filha e vejo que todo esforço valeu a pena, cada gota de suor foi recompensada e não tem orgulho maior do que vê-la agora usando esta farda da Polícia Militar", afirmou.
Antes da PM, Soraia prestou concurso e trabalhou durante sete meses na Polícia Penal de Alagoas. Atualmente, a cadete cursa o segundo ano do CFO e a família aguarda ansiosa a formatura que deve ocorrer no final de 2025, quando a militar será declarada aspirante a oficial e designada para atuar em uma das unidades da PM alagoana.
Redação com Ascom PMAL