Em um cenĂĄrio que desafia as expectativas, a prefeitura de Maceió perdeu o prazo para enviar o Plano de Mobilidade Urbana (PMU) ao Ministério das Cidades, resultando na exclusão da capital alagoana do acesso a linhas de financiamento federal para o setor. O prazo final para municípios com mais de 250 mil habitantes encaminharem o PMU encerrou-se em 12 de abril deste ano, mas a prefeitura não enviou o documento e sequer prestou esclarecimentos.
Quando João Henrique Caldas (PL) assumiu a prefeitura de Maceió em 2021, apenas cinco capitais nordestinas tinham um PMU. No entanto, outras trĂȘs capitais (Aracaju, Recife e Teresina) conseguiram elaborar seus planos de mobilidade durante a gestão atual, enquanto Maceió permaneceu estagnada. JHC é, assim, o único prefeito de capital nordestina que não conseguiu ou não demonstrou interesse em desenvolver o plano, mesmo diante do evidente caos no trânsito da cidade.
O trânsito caótico de Maceió é agravado pela falta de infraestrutura atualizada e pela inércia na revisão do Plano Diretor, que não é alterado hĂĄ dez anos. Além disso, a crise ambiental gerada pela Braskem, que resultou no afundamento de bairros inteiros e na interdição de vias importantes, exacerba os problemas de mobilidade urbana.
ConsequĂȘncias da Omissão
A ausĂȘncia do PMU impede que Maceió receba verbas federais destinadas à mobilidade, prejudicando o desenvolvimento urbano e a qualidade de vida dos cidadãos. A Lei de Mobilidade Urbana (Lei Federal nÂș 12.587/2012) exige que os municípios elaborem esse plano para acessar recursos e emendas federais.
Mesmo com o prazo prorrogado até 12 de abril de 2024 por uma Medida Provisória do presidente Luís InĂĄcio Lula da Silva (PT), a prefeitura de Maceió não conseguiu cumprir a exigĂȘncia. Essa falha coloca a cidade em desvantagem, sem acesso a fundos essenciais para melhorias no transporte e na infraestrutura urbana.
Especialistas alertam para a gravidade da situação
Professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Dilson Ferreira, destacou a importância crucial do PMU. Segundo ele, o plano não apenas organiza o trânsito e o transporte, mas também orienta o crescimento urbano e o desenvolvimento econômico da cidade.
"A ausĂȘncia do PMU impacta diretamente vĂĄrios aspectos do município. Ele é tão importante quanto o Plano Diretor, pois define o zoneamento, a drenagem e a mobilidade urbana. Sem ele, Maceió abre mão de recursos federais e compromete seu desenvolvimento", afirmou Ferreira.
A falta de um PMU atualizado afeta significativamente a vida cotidiana dos maceioenses. Sem um planejamento adequado, o tempo de deslocamento aumenta, a saúde física e mental é prejudicada e a poluição urbana se intensifica. Ferreira enfatiza que a atualização do plano é essencial para qualquer cidade moderna e seu desenvolvimento sustentĂĄvel.
Fonte: Redação com assessoria