Gusttavo Lima e JHC: São João de Maceió transforma-se em cassino com Vaidebet

Com o apoio explícito do prefeito João Henrique Caldas, conhecido como JHC (PL), o cantor Gusttavo Lima converteu o São João Massayó 2024 em um palco de autopromoção e jogatina. Aproveitando-se da estrutura paga com recursos públicos, Lima transformou um dos palcos do evento em um verdadeiro cassino ao ar livre, promovendo a plataforma de apostas online Vaidebet, uma iniciativa que levanta sérios questionamentos éticos e legais.

Gusttavo Lima, que já detinha o cachê mais caro do evento, embolsando R$ 1,2 milhão da Prefeitura de Maceió por duas horas de show, usou o espaço e os recursos do evento para promover a Vaidebet. Este valor, o maior já pago pelo poder público a um artista em Alagoas, parece não ter sido suficiente para o cantor, que encontrou uma maneira de lucrar ainda mais à custa do contribuinte.

Diante de uma multidão de 50 mil pessoas, com transmissão ao vivo pelos canais da prefeitura, Lima transformou a festa junina em um cassino público. Ele operou uma roleta e realizou sorteios de prêmios em dinheiro, promovendo abertamente a Vaidebet, uma plataforma de apostas online cuja legalidade e ética são frequentemente questionadas.

Patrocínio Questionável

A Vaidebet não é novata em eventos patrocinados com dinheiro público em Maceió. Em janeiro, a empresa foi a principal patrocinadora do Massayó Verão e, novamente, é a patrocinadora principal do São João Massayó. Em nenhum dos eventos houve transparência sobre os termos do patrocínio. A prefeitura não publicou contratos, chamamentos públicos ou propostas, levantando suspeitas sobre a lisura do processo.

No domingo, 23 de junho, o cantor deixou o palco principal para se juntar à promoção da Vaidebet em um palco adjacente, onde ele mesmo girou a roleta e distribuiu prêmios em dinheiro para quatro participantes. "Em nome da Vaidebet, obrigado, senhora", disse Lima, oficializando a premiação para uma das vencedoras. A cena, que mais parecia uma propaganda explícita da plataforma de apostas, foi transmitida ao vivo para milhares de pessoas, promovendo a Vaidebet de forma descarada e questionável.

Autopromoção Descarada

Em um movimento que escancara o uso político do evento, Gusttavo Lima chamou o prefeito JHC ao palco para uma troca de elogios. Ambos se comprometeram publicamente a garantir a participação do cantor no São João de Maceió em 2025, mesmo sabendo que a atual gestão termina este ano. A antecipação da "contratação" do artista, evidentemente, depende dos resultados das próximas eleições municipais, revelando um claro uso político do evento para autopromoção do prefeito e do cantor.

Falta de Transparência

A Prefeitura de Maceió, repetindo os mesmos métodos opacos do Massayó Verão, fechou o patrocínio com a Vaidebet antes que outras empresas tivessem a chance de apresentar propostas. O processo de instalação de totens e materiais publicitários da Vaidebet começou antes do fim do prazo oficial para manifestação de interesse, que foi publicado no Diário Oficial no dia 13 de junho, com prazo até o dia 18. No entanto, já no dia 17, a cidade estava repleta de marcas da Vaidebet, evidenciando um processo pouco transparente e potencialmente manipulador.

Apostas Online: Um Jogo Perigoso

A Vaidebet, operada pela Supreme Marketing e Publicidade LTDA, com sede em Barueri-SP e regulamentada a partir de Curaçao, é uma plataforma de apostas online que oferece opções de entretenimento esportivo e jogos de cassino. Curaçao é conhecida como um paraíso fiscal, o que levanta suspeitas sobre a natureza das operações da Vaidebet. Ao promover uma plataforma de apostas em um evento pago com dinheiro público, a Prefeitura de Maceió e Gusttavo Lima não apenas incentivam o jogo de azar, mas também levantam questões sérias sobre a responsabilidade e a ética no uso de recursos públicos.

O episódio no São João Massayó 2024 não é apenas um exemplo de má gestão e falta de transparência, mas também uma demonstração clara de como eventos públicos podem ser manipulados para fins privados e políticos, em detrimento do interesse coletivo.