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A história de Cecília, ex-mãe de santo de Collor à irmã evangélica desaparecida

Por Alexandre Vieira em 10/04/2024 às 17:26:47

Reprodução

Maria Cecília da Silva, natural de Arapiraca e outrora conhecida pelo nome espiritual de Mãe Cecília, tornou-se uma figura enigmática após desaparecer da vida pública.

A revelação de suas práticas ocultas enquanto servia ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, marcou uma transformação dramática de uma conhecida mãe-de-santo para uma missionária evangélica.

Com a mudança, vieram confissões de atos sombrios e rituais macabros, culminando na questão que permanece hoje sem resposta: onde está Cecília?

Era em Arapiraca, a 136 quilômetros de Maceió, que Cecília conduzia seu terreiro, sendo a mais proeminente mãe-de-santo da região.

Sua fama a levou até Collor e sua então esposa, tornando-a uma figura central na ascensão do político no país através de atos que ela depois lamentou, descrevendo-os como pactos sombrios com entidades ocultas.

Após alcançar o ápice de sua influência espiritual, Cecília escolheu o caminho da redenção, afastando-se da magia negra para abraçar a fé evangélica.

O silêncio e sumiço de Cecília desde então levanta questões. Seu desaparecimento seguiu-se a uma série de entrevistas reveladoras, nas quais detalhou os serviços prestados a Collor e expressou arrependimento pelas práticas anteriores.

Desde então, buscou refúgio na fé evangélica, dedicando-se a pregar e a dar cursos, mas sem mais aparecer em público.

O motivo de seu afastamento permanece um mistério, alimentando especulações sobre se foi uma decisão pessoal ou se outras circunstâncias forçaram sua reclusão.

A busca por respostas sobre o paradeiro de Cecília é complicada por seu passado polêmico e pelo silêncio daqueles que outrora estavam próximos a ela, incluindo Collor e sua então equipe, que se recusam a comentar o assunto.

A filha de Cecília, também buscando reconectar-se com seu passado, encontrou apenas portas fechadas.

O legado de Maria Cecília da Silva, a filha de Arapiraca que ascendeu à infâmia nacional antes de buscar a salvação na fé, deixa uma trilha de mistérios sem solução.

Enquanto a comunidade tanto de sua cidade natal quanto de fiéis a quem ela se dirigia permanece no escuro, a pergunta "Onde está Cecília?" retumba sem resposta, um eco de um passado difícil e uma transformação pessoal profunda.

Revelações de Rosane Collor em 2014 adicionaram camadas ao mistério de Maria Cecília

Em novembro de 2014, a trama em torno de Maria Cecília da Silva, a ex-Mãe Cecília de Arapiraca convertida em missionária, ganhou um novo capítulo com declarações impactantes de Rosane Collor, ex-mulher do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Em uma entrevista na época ao programa "Fantástico" da TV Globo, Rosane confirmou que, durante o governo de Collor (1990-1992), o então presidente e seu círculo íntimo de assessores engajavam-se em rituais de magia negra.

Rosane, que compartilhou sua vida com Collor por 22 anos até sua separação em 2005, corroborou as afirmações feitas anteriormente por Pedro Collor de Mello, irmão do ex-presidente, à revista "Veja" em 1992 e no livro de sua autoria "Passando a Limpo".

Ela descreveu os rituais como "muito fortes", mencionando práticas em cemitérios e o sacrifício de vários animais, atividades às quais ela relata ter participado apenas parcialmente, devido a sua relutância em se envolver completamente.

As revelações de Rosane não só reiteram as confissões anteriormente divulgadas por Maria Cecília mas também revelam a profundidade da implicação de Collor com tais práticas.

De acordo com Rosane, foi Maria Cecília, à época uma feiticeira e hoje pastora evangélica assim como Rosane, quem conduziu os rituais e sugeriu a inclusão de um altar de magia negra na Casa da Dinda, a residência particular da família em Brasília.

Curiosamente, a transformação de Maria Cecília em uma figura religiosa, acompanhada pelo lançamento de um disco de música evangélica, foi marcada por uma suposta ameaça telefônica de Collor que impediu Rosane de se juntar à pastora na ocasião do evento de lançamento.

Rosane terminou a polêmica entrevista com uma afirmação enigmática, declarando-se um "arquivo vivo" e sugerindo que, caso algo lhe acontecesse, a responsabilidade seria de Fernando Collor de Mello.

Dez anos se passaram e nada aconteceu a Rosane e suas declarações apenas adicionaram uma camada de complexidade à já misteriosa história de Maria Cecília e seus laços com uma das figuras mais controversas da política brasileira. Enquanto o paradeiro de Cecília permanece incerto, essas revelações reforçam as questões sobre o que realmente ocorreu nos bastidores do poder e o que levou à radical transformação de vida de Cecília.


Fonte: Tribuna do Sertão

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