A prefeitura de Maceió já esbanjou cerca R$ 23 milhões em eventos e patrocínios somente este ano, quase R$ 1 milhão por dia. No meio dessa "folia" com o dinheiro público, o bloco de carnaval No Escurinho é Mais Gostoso resolveu abrir o jogo. Segundo eles, a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) virou quase uma produtora de shows, criando um espetáculo para as redes sociais e deixando os artistas locais na mão.
O bloco cancelou a participação nas prévias do carnaval em Jaraguá, criticando a falta de um edital da prefeitura para bancar o desfile. "Enquanto Luiza Sonza chora por Chico, Leo Santana fica de boa... os artistas locais e os pequenos blocos de rua do Jaraguá estão só na deprê de não conseguir desfilar suas fantasias este ano", desabafam, cutucando a gestão do prefeito JHC (PL), que abre o cofre para atrações nacionais, mas esquece dos locais.
A ironia é forte quando apontam que os cachês de Luiza Sonza (R$ 460 mil) e Léo Santana (R$ 450 mil) seriam suficientes para cobrir o custo do desfile do No Escurinho é Mais Gostoso, que levou magros R$ 5 mil em 2023 e por mais 182 carnavais.
Pra dar um gostinho da diferença, os números não mentem: a prefeitura já torrou uns R$ 16 milhões este ano em cachês de artistas nacionais, incluindo os R$ 7,9 milhões do Massayó Verão e os R$ 8 milhões para bancar a Beija Flor do Rio de Janeiro. Se botar na conta a estrutura do Massayó Verão (R$ 6,9 milhões), os gastos com atrações de fora de Alagoas atingem R$ 23 milhões, praticamente R$ 1 milhão por dia.
No ano passado, a FMAC lançou o Edital 001/2023, distribuindo R$ 600 mil entre 54 blocos para as prévias e o carnaval em Maceió. O No Escurinho É Mais Gostoso levou R$ 5 mil, enquanto blocos maiores, com até 20 mil integrantes, abocanharam até R$ 50 mil cada. Esse montante, de acordo com o edital, foi suficiente para bancar desfiles com mais de 100 mil pessoas, um custo cinco vezes menor que o Massayó Verão. Ou seja, foi uma verdadeira pechincha para o contribuinte.
No Escurinho é Mais Gostoso não esconde a decepção nas redes sociais.
- Este ano, nada de nossos personagens invadindo as ruas para o Jaraguá Folia.
- Cadê o edital, prefeitura? Os artistas locais, que meteram bronca no São João, Dia das Crianças e outros eventos, estão a ver navios, sem receber nem previsão de quando vão ver a cor do dinheiro.
- A FMAC apagou as luzes antes mesmo do início da sessão. Em 13 anos de Bloco No Escurinho É Mais Gostoso, a gente saía nas ruas contando com grana coletiva e o edital municipal. A gente achava que tinha direito a isso para valorizar a cultura local, mas parece que a FMAC virou uma fábrica de cultura restrita, focada só em quem já é famoso e com cachês de milionários.
- Enquanto Luiza Sonza chora, Leo Santana fica numa tranquilidade... Já os artistas locais e os pequenos blocos de rua estão se lamentando por não conseguir botar o bloco na rua este ano. Ah, e as orquestras, que dependem dessa época do ano para faturar, também estão se sentindo meio deixadas de lado nessa festança toda.
- "Eu queria era botar meu bloco na rua", mas parece que, dessa vez, não vai rolar. O jeito é esperar.
Fonte: Redação com assessoria