Segundo a procuradora de Justiça Patrícia Carvão, coordenadora-geral de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana do MPRJ, a cartilha resultou de um grupo de trabalho do órgão. "Tenho certeza que a educação será uma importante aliada na luta antirracista. Esse material foi produzido com muito carinho e muito cuidado e poderá ser trabalhado desde a educação infantil, no ensino fundamental 1, através de mediação que poderá ser conduzida por um professor, até o público adolescente, o que é muito necessário, porque têm crescido de forma exponencial os casos de bullying nessa faixa etária".
A cartilha está disponível no site do MPRJ, de forma virtual, em um primeiro momento, e pode ser solicitada junto à Coordenadoria Geral de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana.A cartilha explica que todos os integrantes do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro estão comprometidos em garantir que todas as pessoas sejam tratadas com igualdade e respeito, independentemente da cor da sua pele. O texto também explica, de forma didática, como o MPRJ atua quando é comunicado sobre comportamentos racistas e, também, nos casos de crimes de racismo.
Por meio da cartilha, o leitor aprende a identificar um ato racista e como deve proceder para denunciá-lo e combatê-lo. Tem acesso, também, à informações sobre as leis de combate ao racismo e de conceitos ligados ao tema.
A publicação traz informações sobre personalidades negras importantes na história antiga e atual do Brasil, pessoas que lutaram e continuam lutando pela igualdade racial. Um exemplo é Joaquim Maria Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura nacional, fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL) e também seu primeiro presidente. Machado de Assis escreveu obras que são estudadas até hoje nas escolas do país, entre as quais Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas.
A fundadora do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, filósofa Lélia González, reflete sobre o lugar que a mulher negra ocupa na sociedade. Outro nome feminino de destaque é Yvonne Lara da Costa. Além de ter sido a primeira mulher a assinar um samba-enredo, Dona Ivone Lara, como era conhecida, era formada em enfermagem e serviço social e desempenhou papel importante na reforma psiquiátrica brasileira, ao lado da doutora Nise da Silveira.
A socióloga Marielle Franco, assassinada em março de 2018, atuou junto à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Em sua homenagem, foi criado, em 2021, o Prêmio Marielle Franco, que distingue pessoas e organizações que atuam em defesa dos direitos humanos, com destaque para os direitos da população negra, das mulheres e de pessoas LGBTQIA+.
Na cartilha, podem ser encontradas também dicas de filmes e livros relacionados a esse tema. Entre os livros, estão a Coleção Black Power, da Editora Mostarda, que apresenta a história de grandes personalidades negras que deixaram sua marca na humanidade, como Nelson Mandela, Carolina Maria de Jesus, Zumbi dos Palmares e o Pequeno Manual Antirracista, de autoria de Djamila Ribeiro, vencedor do Prêmio Jabuti 2020, que trata de conceitos atuais, como branquitude, negritude e racismo estrutural.
Entre os filmes, destaca-se a produção Estrelas Além do Tempo, que conta a história real de uma equipe de cientistas da Nasa, formada por três mulheres afrodescendentes, que lideraram uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana. A produção foi indicado ao Oscar 2017 e tem classificação etária acima de 12 anos.
Fonte: Agência Brasil