Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

TV Brasil

Mulheres à frente é tema do Caminhos da Reportagem deste domingo

Nos últimos dez anos, a maioria (51%) dos lares brasileiros passou a ser chefiado por mulheres, segundo recorte da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE.


13/08/2023, Renata Malheiros do Sebrae, diz que mercado de trabalho é mais exigente com mulheres. Foto: TV Brasil - TV Brasil

A empresária Daniela Lacerda também sente essa diferença. Dona de uma rede de supermercados em Feira de Santana, na Bahia, há ainda quem se espante com sua liderança. "Eu encontrei muito mais barreiras e olhares minuciosos sobre a minha competência", afirma. Por ser nordestina, a empresária diz que os preconceitos são ainda maiores. "A gente sente um pouco de xenofobia, de preconceito por ser jovem, mulher e nordestina, o sotaquezinho, às vezes, incomoda". Mas ela é categórica: "meu oxente ainda vai ultrapassar muitas barreiras".

O Nordeste é a região brasileira onde há mais mulheres chefiando lares no país, em 53% das residências, de acordo com a Pnad Contínua. Já no Sul e Sudeste, a maior responsabilidade ainda recai sobre os homens, com 51,3% e 51,2%, respectivamente.

A aposentada Maria das Dores lembra a época pós-divórcio, em que criou os três filhos sozinha. Trabalhando de segunda a domingo, ela ainda conseguiu construir uma casa, mesmo com o dinheiro apertado. E reflete, ao lembrar o que passou: "eu sei que fiz tudo que podia e mais um pouco, mas se uma pessoa sozinha faz o que fiz, imagina se eu tivesse mais suporte financeiro".

Para a economista e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Luiza de Holanda Barbosa, a informação de que a maioria das famílias é chefiada por mulheres também revela outra face da realidade: a feminilização da pobreza. "Elas ganham menos que os homens, estão em empregos mais vulneráveis e quais são as implicações disso para essas famílias? Entre as famílias pobres, você tem uma maioria chefiada por mulheres", afirma.

13/08/2023, Ana Luiza de Holanda Barbosa (IPEA), pontua que há a feminização da pobreza. Foto: TV Brasil - TV Brasil

A diarista Iraildes Rodrigues vive isso na pele. Ela vem de uma geração de mulheres abandonadas por seus maridos, em que as mães se responsabilizaram pela família. Vivendo em um barraco de madeira, em uma invasão na capital do país, ela passou fome e teve dificuldades em criar os oito filhos. "O mais velho cuidava dos menores, porque se eu pagasse alguém, eles não teriam o que comer", lembra.

13/08/2023, Iraldes criou 8 filhos sozinha, com dificuldades. Foto: TV Brasil - TV Brasil

Este é o retrato das mulheres chefes de família da linha da pobreza, segundo Débora Thomé, cientista política e pesquisadora do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp), da Fundação Getulio Vargas. "Quando você observa esse grupo, a maior parte das pessoas é de mães, pretas e pardas, que cuidam sozinhas de seus filhos, que não têm com quem compartilhar a renda. É um grupo ultra prioritário para se pensar em políticas públicas", diz.

13/08/2023, Debora Thome (FGV), diz que maior parte de chefes de família pobres são mulheres pretas e pardas. Foto: TV Brasil - TV Brasil

Agência Brasil

Caminhos Da Reportagem TV Brasil Mulheres à Frente Geral

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!