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Caminho está pavimentado para queda da Selic, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (28), em São Paulo, que "os ventos estão favoráveis" no país, mas que ainda é preciso que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central baixe os juros básicos da economia, a taxa Selic, ao comemorar a queda do desemprego e a elevação da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch.


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (28), em São Paulo, que "os ventos estão favoráveis" no país, mas que ainda é preciso que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central baixe os juros básicos da economia, a taxa Selic, ao comemorar a queda do desemprego e a elevação da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch.

"Apesar do índice de desemprego estar abaixo da média dos últimos anos para o mês, a economia está sofrendo um processo de desaceleração por conta do juro real na casa de 10%, o que é quase o dobro do país que mais cobra juros depois do Brasil. Os ventos estão favoráveis. O mundo está olhando para o Brasil com outros olhos e outra percepção. E está mais do que na hora de nós alinharmos a política fiscal e monetária para o Brasil voltar a sonhar com dias melhores", disse em entrevista coletiva.

Segundo o ministro, a inflação "está muito controlada", o que daria, na comparação internacional, um espaço "extraordinário para o Brasil crescer mais e gerar mais oportunidades".

Para Haddad, o caminho para o corte da Selic já está pavimentado. "Com certeza o caminho está pavimentado. No começo do ano, a pergunta era se o juro iria cair. Depois, passou a ser quando o juro ia cair. E, agora, quanto", disse o ministro, acrescentando que existe "muito espaço para um corte razoável" na Selic na próxima reunião do Copom, terça-feira (1) e quarta-feira (2).

"Estamos muito distantes do que o BC [Banco Central] chama de juro neutro, que é inferior a 5%. Estamos com o dobro do juro neutro. Então há um espaço generoso para aproveitar".

De acordo com o ministro da Fazenda, a alta taxa de juros brasileira gera preocupação no governo. "Nossa preocupação é com a desaceleração. A receita não está correspondendo. Temos que retomar a economia", defendeu.

Questionado se sonha com um número mais ideal para a Selic, Haddad sorriu, fazendo sinal de positivo com a cabeça. "Eu imagino um número. Vamos fazer uma conta simples. Se nós quisermos atingir um patamar de juro neutro, temos que cortar 5% a taxa de juro real, o que dá dez [reuniões do] Copom a meio por cento. Dez Copons é quase até o final do mandato do atual presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto]. Ele tem 12 Copons. Então dá para ele ficar com muita vantagem. E ele ainda ficará acima do juro neutro".

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a taxa de desocupação foi de 8% no trimestre encerrado em junho, o menor resultado para o período desde 2014.

Também nesta sexta-feira, a agência de classificação de risco DBRS Morningstar elevou a nota de crédito do Brasil de BB (low) para BB, com tendência estável. Foi a segunda agência a melhorar a avaliação de risco do Brasil neste ano. Antes, a Fitch já havia elevado a nota do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável.

Em junho, a agência S&P também havia reavaliado a perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para positiva. "Essa agência canadense, a DBRS, hoje mudou a nota do Brasil também. Penso que, às vésperas de uma semana importante, que é a primeira reunião do segundo semestre do Copom, é importante salientar que o mundo inteiro já compreendeu que está acontecendo alguma coisa boa no Brasil. E que o rumo dado para a agenda econômica vai em encontro do que o Brasil precisa para restabelecer a confiança, atrair investimentos e, sobretudo, gerar bem-estar na população brasileira", disse o ministro.

Marcio Pochmann

Haddad comentou sobre a indicação do economista Marcio Pochmann para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para ele, a polêmica sobre a indicação está muito elevada. "Penso que está um pouco exagerada a reação. Ele é um profissional, um professor universitário em uma universidade pública considerada uma das melhores do país. Podemos discordar da pessoa. Não tem problema nenhum. Em uma democracia, convivemos com pessoas que pensam diferente. É um governo amplo, com pessoas de várias colorações e que estão se entendendo. Tenho certeza de que vai dar muito certo. O Marcio é uma pessoa muito educada e que vai interagir muito bem com a ministra Simone Tebet [Planejamento]".

"É estranho esse tipo de comportamento, muito exagerado. À luz das pessoas que ocuparam cargos no governo passado, não vi nada acontecer desse tipo. No governo [Jair] Bolsonaro era de arrepiar os cabelos. E ninguém falava nada", disse.

Agência Brasil

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