Artista nascido em Benguela (Angola), Paulo atualmente vive em São Paulo. Ele conta que em sua terra natal, o sofrimento é pela desigualdade social, não por racismo. "Viemos de um país em que a gente no máximo sofria desigualdade social, mas nunca por falta de referências, por falta de oportunidade e não essa desigualdade por conta da raça. Trouxe as histórias dessas pessoas que são muito silenciadas".
O cineasta mostra que o racismo no país leva muitos imigrantes africanos à migração reversa, ou seja, quando os imigrantes saem do Brasil para outros países ou mesmo para retornarem à sua terra natal.
"No filme eles contam os sonhos que tinham antes de vir para o Brasil e o sonhos que eles têm já aqui, inclusive mostro também uma migração reversa, dessas pessoas que vieram para o Brasil para poder procurar melhores condições de vida, mas por conta desses estigmas, dessa violência, eles fazem o caminho de volta ou vão para outros países", explicou.
Além dos dissabores, o filme aborda também a alegria ao viver no país e a atração dos africanos pelo Brasil. "É de fato um povo muito alegre, a cultura é muito diversa e a gente se encanta com o jeito de ser do Brasil, com essa mistura, essa alegria. Como falei do futebol, essa diversidade racial na seleção brasileira, isso nos atrai de alguma forma. E o fato também do Brasil nos oferecer um misto de experiências, isso amplia nosso campo de visão sobre o mundo quando a gente chega aqui".
O cineasta pretende, com o filme, abrir o diálogo entre os imigrantes africanos e os brasileiros. "O filme abre porta para o diálogo e também pretende questionar o imaginário brasileiro sobre o imigrante africano e negro, porque o Brasil tem essa máscara de um país super acolhedor, mas tem questões que nos silenciam e vão consumindo a gente por dentro. Meu objetivo com o filme é abrir um diálogo e também questionar as pessoas, o imaginário brasileiro, o continente africano e negro aqui no Brasil".
O curta foi lançado na última terça-feira (27), no Cine Olido, em São Paulo e já pode ser assistido no Canal Conexão Angola Brasil, do Youtube. A produção integra a exposição "Onde o arco íris se esconde", que começa em 8 de julho, no Museu da Imigração, em São Paulo e será exibido também no local.
Além de cineasta, Paulo Chavonga, é poeta e artista plástico. Na exposição individual do artista, organizado pelo coletivo conexão Angola Brasil através do projeto "Histórias que pintam África Pelas Ruas de São Paulo", mostra suas obras.
Foto: Sonhos exilados/Divulgação" title="Sonhos exilados/Divulgação" class="flex-fill img-cover"> Exposição de Paulo Chavonga Onde o arco íris se esconde - Gabryel SampaioNa exposição Onde o arco íris se esconde, Chavonga faz conexões entre trajetórias de imigrantes africanos, a experiência cotidiana em outro país e o universo da representatividade artística. A exposição integra 60 pinturas, uma instalação que reproduz uma barraca de venda de tecidos da Praça da República, dois vídeos e 12 poemas, que serão apresentados escritos ou em áudios espalhados pelo Museu. No dia da estreia, os poemas serão declamados pelos poetas angolanos Ermi Pazo e Mwana N´gola.
O projeto "Histórias que pintam África Pelas Ruas de São Paulo" foca nas múltiplas relações construídas entre Angola e Brasil pelas artes.
Fonte: Agência Brasil