A coordenadora executiva, Iara Oliveira, informou que o congresso tem o objetivo de fazer uma reflexão sobre o protagonismo feminino nas comunidades cariocas. O evento foi precedido de cinco pré pré-encontros que reuniram mulheres de localidades da capital fluminense e de outros municípios, diante da constatação de que as políticas sociais nas favelas retrocederam nos últimos quatro anos e que os movimentos sociais dentro desses territórios enfraqueceram.
"A gente começou a entender que precisava se reunir para propor políticas públicas ao novo governo, que vê a política social com outros olhos, direcionada a mulheres de favelas e periferias", disse Iara. Foi criado um grupo de whatsapp que chegou a reunir 170 mulheres de 75 localidades do Rio de Janeiro e de fora da cidade. Segundo ela, os pré-encontros nas localidades foram necessários. "A gente acredita que desenvolvimento local ocorre de dentro para fora". O último pré-encontro foi feito no último dia 29 de abril.Durante os eventos que antecederam o congresso, foram debatidas questões como melhoria da qualidade de vida nos territórios, mobilidade, transportes, saúde, educação, deficiências para atendimento das mulheres e suas famílias nas localidades, violência, justiça, esporte, entre outras. Cada grupo discutiu temáticas relacionadas à sua área.
Durante o Congresso Mulheres de Favelas e Periferia, será criada uma comissão de mulheres que apresentará as demandas conjuntas. Um dossiê vai ser encaminhado a parlamentares, em duas mesas-redondas. Nesta sexta-feira (12), a programação prevê a participação da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), da secretária municipal de Meio Ambiente e Clima, Tainá de Paula, e da secretária municipal de Política e Promoção da Mulher, Joyce Trindade. Neste sábado (13), está prevista a presença da deputada estadual Renata da Silva Souza (PSOL Rio) e da vereadora Monica Cunha (PSOL Rio).
A Comissão de Mulheres pretende reivindicar direitos junto ao Poder Público, mediante diálogo com representantes dos poderes estadual, municipal e federal. "Assim, pretendemos ser inspiração e referência para a diversidade de mulheres que somos: adolescentes, jovens, adultas, idosas, negras, brancas, indígenas, LGBTQIA+, para que elas saibam que a luta coletiva é um instrumento de poder para o nosso segmento social. Precisamos acreditar nisso".
O coletivo defende a movimentação das mulheres de favelas e periferia em busca de direitos que, afirmam, sempre foram conflitantes e opostos "aos que acumularam e detêm os privilégios na sociedade". Em documento divulgado pela organização, o coletivo esclarece que, em razão da desigualdade existente, "não dá para unir a nossa luta ao das feministas brancas de outras categorias que não sejam as nossas, mulheres negras e brancas pobres, do final do século 20 e do século 21". A finalidade do Congresso Mulheres de Favelas e Periferias é combater a questão racial e de classe social.
Fonte: Agência Brasil