O curador é Antonio Edmilson Rodrigues, historiador, professor associado da PUC Rio e professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Lívia Baião disse que o conteúdo das sete salas da galeria online tem um sabor especial porque os textos foram desenvolvidos por alunos de Rodrigues na PUC Rio.
A galeria conta toda a história que vem das fábricas, mesclando com a história do futebol, que começou na Fábrica Bangu, com o lazer dos operários. “A gente fala também da questão de gênero, da situação das mulheres e de questões raciais e sociais. Tem todo um universo do operariado, do trabalho, nesse mundo de fábricas que foi superimportante na construção da identidade da cidade”, frisou Livia.
Na sala Greves, por exemplo, foram abordadas as lutas operárias, desde o século 19, rememorando a paralisação de trabalhadores escravizados da Real Fábrica de Pólvora, no Jardim Botânico, no final dos anos de 1820, que se uniram aos trabalhadores livres para reivindicar melhorias nas condições oferecidas, incluindo diárias e alimentação. É citada também a paralisação dos tipógrafos em 1858, considerada o marco das greves no Rio de Janeiro, até chegar aos grandes movimentos grevistas do século 20.
Conjunto Habitacional do IAPI, em Del Castilho. Foto: Rio Memórias/DivulgaçãoAs galerias do Museu Virtual Rio Memórias nasceram aos poucos, desde a inauguração do museu digital, em agosto de 2019. Com mais de 180 mil visitantes, o site tem uma média de acessos de 15 mil pessoas por mês sendo que, agora em março, já foram anotados 17 mil acessos. Tudo isso está disponível para o público no celular, tablet ou computador, em diversos formatos e de forma gratuita.
Livia afirmou, também, que cada galeria traz um novo olhar sobre o Rio, ao mesmo tempo em que revela narrativas e perspectivas pouco conhecidas, contribuindo para a missão de divulgar e valorizar a história da cidade.
“Só conhecendo o passado podemos dar conta do nosso futuro, refletindo sobre a cidade que queremos ter daqui a dez ou 15 anos e engajando cada cidadão no cuidado com o rico e diversificado patrimônio material e imaterial carioca”, analisou.
No evento de lançamento das novas galerias, Marquinho China cantará obras-primas do gênero musical mais suburbano que existe, como Apoteose do samba (Silas de Oliveira), Sou mais o samba e Filosofia do samba (Candeia). Acompanhado por Rafael Mallmith (violão sete cordas), Léo Pereira (cavaquinho), Marco Basilio (surdo e percussão), Rodrigo Jesus (pandeiro) e Marcelo Pizzott (tantan), China vai contar histórias do samba e dos sambistas cariocas.
Para o segundo semestre, Livia espera lançar uma nova galeria, que contará a história do Complexo de Favelas da Maré. A coleta de dados já foi iniciada.
Fonte: Agência Brasil