Liderança feminina e inovação estão entre as temáticas que integram o leque de diversidade apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) em seus programas.
A professora Gabrielly Farias explica que a Estilex começou a ser projetada ainda na pandemia em 2020. A profissional, que trabalha com o segmento há pelo menos 12 anos, pensou num formato de consultoria de estilo que fosse express, ou seja ágil – por isso o nome adotado utiliza uma junção das palavras: estilo + express= Estilex.
Após dois anos da ideia inicial, a empreendedora estava lecionando Consultoria de Imagem, quando surgiu o primeiro impulso, o programa Geração do Hoje (GDH) Indústria.
A iniciativa desenvolve e transforma projetos inovadores ligados ao âmbito industrial ainda na fase de ideação, e é operacionalizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) , Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pela Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti). Observando a oportunidade, a professora perguntou quem tinha o interesse e duas permanecem na proposta, Vanessa Severo e Isabelle Mafra.
"No projeto nós falamos da importância da imagem, que de fato é fundamental, por realmente entendermos que ela é uma forma de comunicação. O que a gente está fazendo é utilizar a consultoria, que é algo extremamente personalizado, e ir automatizando. As vantagens da consultoria são imensas quando a gente automatiza, primeiro economizando o tempo desse consumidor porque ele vai comprar de forma direcionada. E segundo poupando dinheiro porque se evita a compra exacerbada de itens desnecessários", frisou Isabelle Mafra.
A partir da experiência com o GDH Indústria, a ideia passou a se estruturar de fato, impulsionando as empreendedoras a darem os próximos passos e se firmarem no setor. Dessa forma, com o conhecimento adquirido, o grupo se sentiu apto a submeter a proposta para mais um edital, o Centelha Alagoas. Esta chamada, estruturada pela Fapeal e Secti, busca transformar ideias inovadoras em empreendimentos de sucesso.
"A gente conseguiu desenvolver a ideia porque no GDH tivemos várias etapas e mentorias. Nós vimos no programa que tínhamos um negócio de verdade, que tínhamos mercado e como poderíamos tocar o projeto. Lá nós começamos a estar num ambiente de pessoas da área tecnológica. Foi a partir daí que ficamos sabendo de outros editais e surgiu o Centelha. Nele tivemos uma outra chance de desenvolver melhor a nossa solução, nos inscrevemos e hoje estamos aqui", explicou Vanessa Severo.
Liderança feminina
Ao longo dos trabalhos e com a consolidação de uma de liderança feminina que alia tecnologias à moda, alguns obstáculos e experiências acabaram surgindo nessa trajetória. As gestoras mencionam que dentro do mercado empreendedor acabaram encontrando dois vieses distintos: as barreiras do estigma ligado à moda e os apoios do âmbito tecnológico que cresceram numa nova corrente. Segundo elas, o eixo do mercado fashion já carrega o descrédito de ser taxado como fútil ou por ser um serviço acessório, por isso a equipe sente que precisa provar o valor de seus trabalhos constantemente.
"Passamos a nos vestir ainda melhor nestes ambientes corporativos, com o objetivo de gerar esse respeito também. A gente vê a vestimenta como uma forma de comunicação, porque nós somos seres visuais, então a gente usa estratégias visuais para que a nossa comunicação verbal seja coerente com aquilo que estamos vestindo", frisou Vanessa Severo.
Por outro lado, no âmbito tecnológico das startups as profissionais têm recebido grande apoio e incentivo, mesmo sendo novatas neste universo. Apesar de ser um espaço majoritariamente masculino, as empreendedoras disseram que qualquer receio foi deixado de lado ao entrar em contato com os profissionais e observarem o espírito de cooperativismo e colaboração que existia entre eles. Assim, foi na área da Tecnologia da Informação (TI) onde elas mais receberam apoio: "Este foi o ambiente que mais nos abraçou e incentivou mostrando caminhos. Alguns colegas da tecnologia que estão mais avançados que a gente nos auxiliam sempre, chegam até nós e nos dão uns toques, porque no mundo das startups existe muito disso, quando você vai criando afinidade as pessoas passam a olhar o teu negócio e te ajudam colaborando com ideias e estalos. Isso aí a gente também sentiu muito", ressaltou Gabrielly Farias.
Estágio atual e perspectivas futuras para a startup
No decorrer do Programa Centelha, as inovadoras já iniciariam rodadas de mentorias, capacitações, aceleração e toda uma metodologia que objetiva consolidar a Estilex no eixo de negócios. Atualmente a proposta se encontra na etapa de validação do Mínimo Produto Viável (MVP) – conceito do estágio de uma solução tecnológica –, ou seja, a ideia está sendo testada. De acordo com Gabrielly Farias, a equipe visa continuar a estruturar sua plataforma, a partir do aplicativo e já visualiza consolidar a marca.
"Chegar até o momento atual deste programa é a confirmação de que a chamada realmente se encaminha além, prospectando caminhos como em todas as etapas do processo. Todo esse cuidado de ver no que a gente já performa, de apresentar também a documentação, de passar por atividades que nos levem a crescer e todo o fomento, é bem importante", frisou a professora do Senai.
Os passos futuros são delineados pelo trio após o estabelecimento da plataforma de estilo. A meta é deixar o software de consultoria robusto, promovendo parcerias com grandes marcas nacionais, para depois investir no segmento internacional. O objetivo, segundo elas, não é sair de Alagoas, mas estruturar serviços de qualidade se iniciem em Alagoas e conquistem o mundo.
"Quando a gente fala de soluções para a moda a gente escuta muito de sustentabilidade e tecidos sustentáveis, mas não se criam soluções para o consumidor e tão pouco para o lojista. A nossa intenção no projeto é de fato solucionar o problema do consumidor e do lojista, tudo isso simultaneamente. E uma coisa que estávamos discutindo é que o mercado da moda é o maior do mundo, e a gente não vê soluções tecnológicas dentro desse mercado. Então a gente está num espaço inovador", abordou Isabelle Mafra.
Por isso neste mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher o grupo reflete e destaca que é preciso perseverar para trilhar os caminhos, pensar fora da caixa e se dedicar ainda mais aos projetos autorais, porque é significativo investir e ser dono do seu próprio negócio. As profissionais citam que empreender no Brasil não é nada fácil, mas que existem sim incentivos, apoios, editais e instituições dispostas a ajudar. Então o recado que elas deixam é que se deve sempre estudar, se aprofundar e trabalhar as ideias.
De acordo com o grupo, quando se possui foco e dedicação os trabalhos tendem a progredir, e percebe-se todo o potencial que existe das mulheres ocuparem e alcançarem os lugares que quiserem. Elas finalizam pontuando que as empreendedoras não podem ser enquadradas como sonhadoras, mas sim executoras de suas próprias histórias.