A equipe multidisciplinar de peritos do Instituto de Criminalística de Alagoas conseguiu localizar, na tarde de quarta-feira (8), diversos vestígios no local onde funcionava o depósito de fogos de artifício que explodiu no bairro de Guaxuma, em Maceió, na última segunda-feira (6). O trabalho realizado pelos cinco peritos criminais pretende identificar o epicentro, a causa da explosão, como também avaliar os estragos provocados no meio ambiente.
Seguindo o procedimento operacional padrão de segurança em casos como esse, a perícia foi iniciada após uma varredura realizada pelo Esquadrão de Bombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar. Durante a verificação da existência ou não de artefatos explosivos que poderiam detonar causando algum tipo de acidente, os militares encontraram alguns explosivos íntegros, sendo necessária a sua desmontagem, remoção e destruição.
O perito criminal Gerard Deokaran, técnico explosivista formado pelo Bope da PMDF, coordenou o trabalho em campo, que contou com a participação dos peritos criminais Diozenio Monteiro, Jana Kelly, Victor Portela e Wellington Melo, chefe especial do IC. Foram necessárias quase seis horas para que fosse concluído todo o levantamento pericial numa área bastante extensa, onde foram constatados, catalogados e recolhidos diversos vestígios relacionados à iniciação da explosão e à natureza química dos explosivos.
Para realizar a perícia, os peritos criminais se dividiram e realizaram as buscas e coletas dos vestígios em toda extensão da chácara onde aconteceu a explosão, visitaram algumas casas danificadas e foram até em locais onde foram encontradas peças da estrutura arremessadas pela onda de choque da explosão. Todos esses elementos, que podem ter contribuído ou até iniciado a explosão, entre eles, alguns dispositivos eletrônicos, amostras de explosivos e possíveis fluídos biológicos, serão analisados no Laboratório Forense e no setor de Perícias Internas do IC.
"Pela perícia realizada na quarta-feira, traçamos três linhas a seguir, e a análise técnica nessa nova fase da perícia irá permitir excluir duas delas, podendo chegar a causa mais provável ou até mesmo a causa em si. Por isso, a importância de fazer esse trabalho complementar da análise desses vestígios custodiados para relacionar com a dinâmica da ação e, assim, chegar a causa da explosão", afirmou o perito explosivista. Gerard Deokaran ressalta a preservação da cadeia de custódia dos vestígios coletados, que é fundamental para o estabelecimento da dinâmica e a robustez das evidências.
Perícia ambiental
A pedido da Polícia Civil, o Instituto de Criminalística realizou uma perícia ambiental para analisar os prejuízos causados à fauna e à flora. A perita criminal Jana Kelly, que é veterinária e especialista na área, analisou a extensão da mata e do pasto destruído por focos de incêndio e também a criação de ovinos e equinos existentes na chácara onde aconteceu a explosão.
"Primeiramente realizamos o levantamento dos dados. Identificamos uma criação de ovinos e equinos, inclusive com fêmeas gestantes. Em casos como esse, os animais podem se machucar diretamente com a explosão, como duas ovelhas que tiveram ferimentos externos leves, mas já estão em tratamento. Foi recomendado aos criadores o acompanhamento com o médico veterinário, o que já estava agendado com o profissional responsável. Na avaliação clínica geral, não foi constatado nada grave, diante do risco que foram expostos por estarem muito próximos ao local. Por isso, a importância da realização da perícia dessa natureza" explicou Jana Kelly.
A previsão de conclusão das atividades em decorrência das perícias realizadas no local e das análises laboratoriais e exames complementares são de 30 dias. Todas as informações serão repassadas ao 6º Distrito da Polícia Civil, por meio de laudos periciais que serão elaborados pelos setores das Chefias de Perícias Externas, Perícias Internas e de Laboratório do IC da Polícia Científica de Alagoas.