A ex-cozinheira e aposentada Vera Lúcia Caetano da Silva, 72 anos, chorava emocionada em gratidão ao saber que, enfim, voltaria a estudar por meio das turmas da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Ela é um dos cerca de 40 alunos que estavam presentes na aula inaugural de alfabetização, na segunda-feira (6), no Instituto Mandaver, no Vergel do Lago.
A nova aluna vive há 30 anos no Vergel. Ela contou que vive sozinha em uma casa no conjunto Joaquim Leão e por causa disso queria muito voltar a estudar, já que na juventude não teve condições de se alfabetizar, porque só trabalhava.
"Hoje, a memória está meio esquecida e quero aprender novamente. Têm tantas pessoas que têm a oportunidade e não aproveitam. Agradeço demais ao senhor Jesus e a vocês que se lembram de pessoas de idade. O que tiver eu vou fazer, educação física, leitura, tudo, estou aqui para tudo. Essas aulas vão me resgatar novamente, já está tudo melhorando e eu sei que vai ser perfeito. Estou feliz da vida", comemorou Dona Vera.
Outro aluno que ficou emocionado foi Gilvan Pedro dos Santos, pescador de 67 anos. Ele contou que se dedicou à pesca com o pai, desde a infância, e por isso não conseguiu ir para a escola. Seu Gilvan acredita que as aulas vão ajudá-lo a aprender a escrever.
"Essa ação vai melhorar muita coisa na minha vida, porque já posso aprender alguma coisa. Toda a vida eu tive vontade de ter um carro, mas não consigo tirar a carteira por causa da minha idade e também porque não sei ler. Tudo isso será muito bom pra mim", ressaltou.
Segundo o coordenador da EJAI, Ricardo Almeida, o projeto é uma parceria com o Instituto Mandaver e tem o objetivo de fazer com que os moradores da comunidade aprendam a ler e a escrever, além de integrar o plano de ação do prefeito JHC, junto à entrega das moradias.
"É muito gratificante alfabetizar essas pessoas que estão há muito tempo sem atendimentos educacionais. Eu sou professor, então, eu entendo a importância da aprendizagem desse público. Muitos deles respondem que o maior desejo é escrever o nome, ler a bíblia, livros, mas além disso, a gente quer oportunizar um projeto de vida", explicou o coordenador.
Para a coordenadora pedagógica do Instituto Mandaver, Mirian de Albuquerque, a parceria com a Semed cria novas oportunidades para os moradores da comunidade. "A gente tem procurado parcerias que nos ajudem a fomentar a comunidade, a fazer com que ela tenha dignidade e transformação social", frisou.
A gestora local do projeto Brasil Alfabetizado, Maria Cristiane Gama Costa, informou que o programa foi iniciado em novembro de 2022. "A maioria dos alunos mora nos condomínios próximos ao instituto, então foi ótimo. Estou muito feliz por eles adoraram o acolhimento".
A professora Edleide Santos está confiante na aprendizagem dos estudantes. "Coloquei só a palavra alfabeto e eles ficaram sem saber a letra, mas fui perguntando e no final da aula conseguiram reconhecer algumas letras, e isso, pra mim é uma vitória, é gratificante", destacou.