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Pesquisa busca relação entre poluição petroquímica e tireoidite

Por Voz na Comunidade em 15/02/2023 às 07:24:51

Um estudo em fase inicial que estĂĄ sendo realizado pela Secretaria Municipal da SaĂșde de São Paulo pretende avaliar se hĂĄ alguma relação entre a tireoidite de Hasmimoto e a poluição ambiental causada pelo Polo PetroquĂ­mico de Capuava (PPC). Dados preliminares mostraram que 18,5% dos moradores vizinhos ao polo desenvolveram sintomas da doença. Esse estudo, que ainda não foi concluĂ­do, busca identificar se a poluição ambiental provocada pelo polo petroquĂ­mico pode estar deixando os moradores doentes.

O levantamento feito pela prefeitura foi realizado com 3,7 mil moradores da zona leste, nos bairros de São Rafael, São Mateus e Sapopemba. Esses bairros ficam na divisa do Polo PetroquĂ­mico de Capuava (PPC), que estĂĄ instalado nos municĂ­pios vizinhos de Santo André e MauĂĄ. Também participaram do estudo pessoas que vivem em bairros sem exposição aos poluentes do polo petroquĂ­mico, para efeito de comparação.

Do total de entrevistados no estudo, 687 relataram apresentar trĂȘs ou mais sintomas provĂĄveis para a doença. Essas pessoas agora farão exames e uma avaliação médica e, se constatada a doença, receberão tratamento pelo Sistema Único de SaĂșde (SUS).

A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação da tireoide, provocada por uma falha no sistema imunológico. O organismo passa a fabricar anticorpos contra as células, destruindo a glândula da tireoide ou reduzindo a sua atividade. A tireoidite de Hashimoto é a principal causa do hipotireoidismo, que é o funcionamento em um ritmo menor da tireoide, produzindo menos o hormônio T4.

Segundo a prefeitura, as doenças autoimunes da tireoide afetam até 5% da população adulta e sua prevalĂȘncia aumenta com o passar dos anos. Se ela não for devidamente tratada, pode levar ao coma e à morte.

CPI

Esse estudo que vem sendo desenvolvido pela prefeitura é um desdobramento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que estĂĄ sendo realizada desde maio do ano passado na Câmara Municipal de São Paulo. A CPI da Poluição PetroquĂ­mica busca investigar denĂșncias sobre a poluição e a contaminação ambiental no entorno do Polo PetroquĂ­mico que supostamente vem prejudicando a saĂșde de moradores de bairros da zona leste da capital, localizados próximos ao polo.

A Petrobras instalou na ĂĄrea uma das primeiras unidades Polo PetroquĂ­mico, a Refinaria de Capuava, em 1954. Atualmente, são vĂĄrias as empresas que atuam no polo e alimentam indĂșstrias quĂ­micas e plĂĄsticas.

Fases do estudo

Segundo a prefeitura, o estudo foi dividido em trĂȘs fases. Na primeira etapa, iniciada em janeiro, um questionĂĄrio foi aplicado com os moradores, que foram sorteados aleatoriamente. As entrevistas vão indicar se o indivĂ­duo tem alguma doença na tireoide ou outro problema endocrinológico, dor de garganta, rouquidão, ganho de peso ou perda de cabelo.

Caso alguém da famĂ­lia tenha relatado trĂȘs ou mais sinais relacionados ao foco da pesquisa, a pessoa serĂĄ encaminhada para a Unidade BĂĄsica de SaĂșde (UBS) de atendimento, onde deverĂĄ comparecer no prazo mĂĄximo de 15 dias, para avaliação médica e possĂ­vel coleta de exames, entre eles, TSH, T4 e anti-TPO. Essa é a segunda fase do estudo. Nesta fase, se as pessoas apresentarem resultados alterados serão direcionadas pelas equipes médicas para inĂ­cio do tratamento pela rede do Sistema Único de SaĂșde (SUS) da capital.

Na terceira e Ășltima etapa, com encerramento previsto para o mĂȘs de abril, a secretaria farĂĄ uma anĂĄlise estatĂ­stica e comparativa entre as ĂĄreas supostamente afetadas pelo polo petroquĂ­mico e ĂĄreas onde não hĂĄ essa exposição, os chamados grupos de controle.

Outro lado

Procurada pela AgĂȘncia Brasil, o ComitĂȘ de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC (COFIP ABC), que reĂșne as empresas que funcionam dentro do Polo PetroquĂ­mico Capuava informou que aguarda o resultado das próximas fases da pesquisa. "Ressaltamos que as 17 empresas associadas ao COFIP ABC são monitoradas constantemente e operam estritamente dentro dos padrões recomendados e exigidos pelas autoridades competentes", disse o comitĂȘ, em nota, ressaltando que estĂĄ à disposição para fornecer informações que possam contribuir para o esclarecimento do assunto.

A Petrobras informou que não vai comentar o assunto.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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