Um estudo em fase inicial que estĂĄ sendo realizado pela Secretaria Municipal da SaĂșde de São Paulo pretende avaliar se hĂĄ alguma relação entre a tireoidite de Hasmimoto e a poluição ambiental causada pelo Polo PetroquĂmico de Capuava (PPC). Dados preliminares mostraram que 18,5% dos moradores vizinhos ao polo desenvolveram sintomas da doença. Esse estudo, que ainda não foi concluĂdo, busca identificar se a poluição ambiental provocada pelo polo petroquĂmico pode estar deixando os moradores doentes.
O levantamento feito pela prefeitura foi realizado com 3,7 mil moradores da zona leste, nos bairros de São Rafael, São Mateus e Sapopemba. Esses bairros ficam na divisa do Polo PetroquĂmico de Capuava (PPC), que estĂĄ instalado nos municĂpios vizinhos de Santo André e MauĂĄ. Também participaram do estudo pessoas que vivem em bairros sem exposição aos poluentes do polo petroquĂmico, para efeito de comparação.
Do total de entrevistados no estudo, 687 relataram apresentar trĂȘs ou mais sintomas provĂĄveis para a doença. Essas pessoas agora farão exames e uma avaliação médica e, se constatada a doença, receberão tratamento pelo Sistema Ănico de SaĂșde (SUS).
A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação da tireoide, provocada por uma falha no sistema imunológico. O organismo passa a fabricar anticorpos contra as células, destruindo a glândula da tireoide ou reduzindo a sua atividade. A tireoidite de Hashimoto é a principal causa do hipotireoidismo, que é o funcionamento em um ritmo menor da tireoide, produzindo menos o hormônio T4.
Segundo a prefeitura, as doenças autoimunes da tireoide afetam até 5% da população adulta e sua prevalĂȘncia aumenta com o passar dos anos. Se ela não for devidamente tratada, pode levar ao coma e à morte.
Esse estudo que vem sendo desenvolvido pela prefeitura é um desdobramento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que estĂĄ sendo realizada desde maio do ano passado na Câmara Municipal de São Paulo. A CPI da Poluição PetroquĂmica busca investigar denĂșncias sobre a poluição e a contaminação ambiental no entorno do Polo PetroquĂmico que supostamente vem prejudicando a saĂșde de moradores de bairros da zona leste da capital, localizados próximos ao polo.
A Petrobras instalou na ĂĄrea uma das primeiras unidades Polo PetroquĂmico, a Refinaria de Capuava, em 1954. Atualmente, são vĂĄrias as empresas que atuam no polo e alimentam indĂșstrias quĂmicas e plĂĄsticas.
Segundo a prefeitura, o estudo foi dividido em trĂȘs fases. Na primeira etapa, iniciada em janeiro, um questionĂĄrio foi aplicado com os moradores, que foram sorteados aleatoriamente. As entrevistas vão indicar se o indivĂduo tem alguma doença na tireoide ou outro problema endocrinológico, dor de garganta, rouquidão, ganho de peso ou perda de cabelo.
Caso alguém da famĂlia tenha relatado trĂȘs ou mais sinais relacionados ao foco da pesquisa, a pessoa serĂĄ encaminhada para a Unidade BĂĄsica de SaĂșde (UBS) de atendimento, onde deverĂĄ comparecer no prazo mĂĄximo de 15 dias, para avaliação médica e possĂvel coleta de exames, entre eles, TSH, T4 e anti-TPO. Essa é a segunda fase do estudo. Nesta fase, se as pessoas apresentarem resultados alterados serão direcionadas pelas equipes médicas para inĂcio do tratamento pela rede do Sistema Ănico de SaĂșde (SUS) da capital.
Na terceira e Ășltima etapa, com encerramento previsto para o mĂȘs de abril, a secretaria farĂĄ uma anĂĄlise estatĂstica e comparativa entre as ĂĄreas supostamente afetadas pelo polo petroquĂmico e ĂĄreas onde não hĂĄ essa exposição, os chamados grupos de controle.
Procurada pela AgĂȘncia Brasil, o ComitĂȘ de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC (COFIP ABC), que reĂșne as empresas que funcionam dentro do Polo PetroquĂmico Capuava informou que aguarda o resultado das próximas fases da pesquisa. "Ressaltamos que as 17 empresas associadas ao COFIP ABC são monitoradas constantemente e operam estritamente dentro dos padrões recomendados e exigidos pelas autoridades competentes", disse o comitĂȘ, em nota, ressaltando que estĂĄ à disposição para fornecer informações que possam contribuir para o esclarecimento do assunto.
A Petrobras informou que não vai comentar o assunto.
Fonte: AgĂȘncia Brasil