A Polícia Científica de Alagoas iniciou, na manhã desta segunda-feira (06), o processo de identificação das ossadas encontradas no fim de semana em Maceió. O setor de identificação humana do Instituto Médico Legal Estácio de Lima entregou amostras de material genético do caso ao Laboratório de Genética do Instituto de Criminalística.
O achado cadavérico aconteceu na sexta-feira (3), em uma mata no Vale do Reginaldo, no bairro do Poço. Mas, devido ao local ser de difícil acesso e já ser noite, as equipes das forças de segurança (PM, PC, CBMAL e Polcal) precisaram retornar no dia seguinte para realizar todos os trabalhos de perícia e recolhimento dos restos mortais.
A perícia de local de crime realizada pelo Instituto de Criminalística constatou a existência de dois cadáveres, os quais receberam uma Numeração de Identificação Cadavérica (NIC). Ambos se encontravam em avançado estado de decomposição, estando um deles completamente esqueletizado e o outro, ainda em processo de esquelitização, apresentando tecidos moles em decomposição.
"Os dados da quantidade dos corpos foram confirmados na sede de Instituto de Medicina Legal, quando do exame necroscópico. Essa caracterização dos achados cadavéricos indica mortes em datas distintas, considerando que ambos estavam submetidos às mesmas condições ambientais", explicou o perito-geral Manoel Melo.
Antropologia e Identificação Humana
Após a perícia de local, os restos mortais foram recolhidos para a sede do Instituto Médico Legal de Maceió, onde passaram por um exame necroscópico e antropológico. As análises realizadas pela equipe formada por um perito médico legista, um perito odontolegista e um técnico forense confirmaram que as quantidades de ossos são referentes a dois corpos.
A perita odonlegista Cláudia Ferreira, que participou dos exames, explicou que devido ao estado de esqueletização, os restos mortais serão identificados por exame de DNA. Ela ainda informou que uma família já compareceu ao IML e reconheceu as vestes de uma das ossadas, como sendo de um parente desaparecido. "Realizamos a extração de amostras biológicas das ossadas e amostras genéticas de um parente de primeiro grau dessa família para realizar o exame de identificação humana. Esses materiais foram entregues ao Laboratório de Genética Forense do IC, que irá realizar a extração do DNA para o confronto genético", afirmou.
Projeto Desaparecidos
De acordo com a chefia do Laboratório de Genética Forense do IC, a partir do recebimento das amostras, os peritos criminais irão iniciar as análises pela extração o DNA desses materiais, seguindo-se as etapas subsequentes, que serão finalizadas com o confronto do perfil genético obtido, com o material genético fornecido pelos familiares. O perfil genético da ossada sem familiar será inserido na Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), que reúne o DNA de familiares de pessoas desaparecidas em todo o país.
"Caso não se estabeleça um vínculo genético entre a ossada e os familiares, todos os perfis serão inseridos no Banco para se tentar localizar os familiares do indivíduo que teve sua ossada localizada pela polícia, bem como o familiar desaparecido da família reclamante", disse Rosana Coutinho.
Segundo ela, antes da existência da RIBPG, o exame de DNA só podia ser realizado quando o cadáver ou ossada encontrada possuía uma família reclamante, ou seja, o perfil genético seria comparado apenas com o dessa família. Agora, independente de se ter uma indicação familiar, o laboratório insere o DNA no Banco para realizar uma busca na rede formada por banco de dados estaduais e nacionais.
Pessoas com familiares desaparecidos podem procurar os dois pontos fixos de coletas do material genético que funcionam nos Institutos de Medicina Legal de Maceió e de Arapiraca. Basta apresentar um Boletim de Ocorrência registrado em qualquer delegacia distrital da Polícia Civil ou na Delegacia Virtual.