Em seu discurso, o ministro MacĂȘdo destacou o desmonte da participação social no Ășltimo governo, como exemplo, a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) criado em 1993 e o esvaziamento do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), criado em 1981. O contraponto, segundo ele, foi o papel relevante do Conselho Nacional de SaĂșde ao "defender a vida contra o negacionismo" durante a pandemia de covid-19 e do Conselho Nacional de Direitos Humanos ao "resistir a um governo autoritĂĄrio".
"Precisamos discutir as polĂticas pĂșblicas de inclusão, de distribuição de renda e diminuição da desigualdade no curso da implementação. Para isso, precisamos integrar educação popular como instrumento de formação de consciĂȘncia e organização da participação social e multiplicar conselhos populares em torno de todas as polĂticas pĂșblicas", disse.
Segundo o ministro, jĂĄ foi iniciado o diĂĄlogo como Ministério do Planejamento para a construção de um orçamento participativo, com a convocação do Plano Plurianual (PPA) Participativo. O PPA é o instrumento de planejamento dos órgãos de governo.
Além disso, devem ser retomados os canais digitais de participação social do governo federal, como foi o Participa PR, do primeiro governo Lula, e do Dialoga Brasil, do governo de Dilma Rousseff.
Um conselho popular foi instituĂdo ainda durante a transição de governo e reuniu, na época, 57 movimentos, entidades, fóruns e espaços de articulação polĂtica e social representativos de todo o paĂs. A coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado e integrante da coordenação executiva do Conselho de Participação Social do Gabinete da Transição, Simone Nascimento, espera que os instrumentos criados hoje sejam um espaço de diĂĄlogo efetivo e constante e um canal de escuta permanente.
"Esperamos ver ainda outras reivindicações do relatório de transição serem concretizadas. Queremos muito realizar os mutirões nacionais para enfrentamento das questões sociais urgentes, como a fome, a vacinação, a evasão escolar, o combate ao genocĂdio do povo negro e do feminicĂdio. A inovação do processo de participação social, comunicação, cultura e educação popular existente para aprimorar mecanismos de participação direta, federativa e territorial na cidade e no campo. E um orçamento efetivamente participativo que coloque o povo dentro das prioridades", disse Simone.
Também discursaram no evento o coordenador da Central de Movimentos Populares e integrante da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim; a coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e integrante da Frente Povo Sem Medo, Vitória Genuino de Morais da Silva; a secretĂĄria-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil e representante da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, Romi Bencke; e a integrante da Associação de JuĂzes para a Democracia, da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e da coordenação da Coalizão em Defesa da Democracia, juĂza federal ClĂĄudia Maria Dadico.
Participaram ainda a presidente da União Nacional dos Estudantes, Bruna Brelaz; a coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Ticiana Albuquerque; o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e representante do Fórum das Centrais Sindicais, Adilson AraĂșjo; a representante dos movimentos populares rurais, Ceres Hadich; o coordenador executivo da Articulação dos Povos IndĂgenas do Brasil, Dinamam TuxĂĄ; a representante do Observatório de PolĂticas de Segurança Alimentar e Nutrição e ex-presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, Elisabetta Recine; o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Leonardo Pinho; e a integrante do Centro Brasileiro de Estudo em SaĂșde e representante da Frente Pela Vida, Lucia Souto.
Em seu discurso, Lula reafirmou ainda que é um defensor da estabilidade fiscal, mas que o povo não deve ser deixado de lado em detrimento de outros compromissos econômicos.
"O povo votou porque espera que a gente cuide dele, que a gente faça alguma coisa por ele. Eu sou uma pessoa que defende muito a estabilidade econômica, eu quero seriedade fiscal, mas eu quero seriedade polĂtica, quero seriedade social, porque é verdade que temos muitas dĂvidas para pagar." O presidente acrescentou que a dĂvida que não é paga hĂĄ cinco séculos é a "dĂvida social contraĂda com o povo brasileiro", destacou.
Lula falou também sobre outro temas, como a crise do povo Yanomami, a proteção da Amazônia e o combate à violĂȘncia contra mulher. Para ele, é preciso uma mudança cultural, com educação, e criar leis mais duras para acabar com "esse tipo de violĂȘncia".
Fonte: AgĂȘncia Brasil