Com o slogan Tontura é Coisa Séria, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) discute, neste Dia Nacional da Tontura, celebrado hoje (22), a relação entre a ansiedade e a tontura.
Problema que acomete cerca de 30% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial da SaĂșde (OMS), e afeta principalmente as mulheres, por causa dos seus ciclos hormonais, a tontura pode ser um indicador de problemas mais graves, como um acidente vascular cerebral (AVC).
"A tontura ou a falta de equilĂbrio e de orientação espacial pode ser uma coisa séria. Então é sempre importante averiguar o que estĂĄ acontecendo porque existem muitos fatores responsĂĄveis pela tontura. Por exemplo, uma tontura aguda, com uma vertigem, onde tudo roda, com nĂĄuseas, vômitos e em que não se consegue parar em pé pode ser um sintoma de AVC", disse Jeanne Oiticica, do Departamento de Otoneurologia da associação, em entrevista à AgĂȘncia Brasil. "A tontura precisa ser investigada sempre para a gente entender [o que a estĂĄ provocando] jĂĄ que ela é um aviso que o corpo estĂĄ dando de que as coisas não estão equilibradas".
A tontura também pode estar relacionada à ansiedade, problema que se agravou durante a pandemia do novo coronavĂrus. "Os problemas podem ser o mais diversos possĂveis. Pode, por exemplo, ser um problema hormonal, metabólico, soltura dos cristais dentro do ouvido ou ansiedade, estresse, depressão", disse Jeanne.
Dados da OMS sinalizam que, no primeiro ano da pandemia, a ansiedade e a depressão cresceram 25% em todo o mundo. "A campanha de 2022 [da associação] aborda a relação e a influĂȘncia da ansiedade com a tontura. Diante do perĂodo de isolamento social e o convĂvio diĂĄrio com a pandemia, as dificuldades emocionais se agravaram e percebemos que quadros de pacientes com ansiedade e tontura se tornaram mais frequentes em consultório nos Ășltimos dois anos", disse em nota Guilherme Paiva Gabriel, otorrinolaringologista da ABORL-CCF e coordenador da Campanha da Tontura.
Jeanne alerta que a própria covid-19 pode provocar tonturas. "A própria contaminação pela covid-19 também favorece o aparecimento da tontura porque ela é uma doença trombótica, inflamatória e que pode acometer diversos sistemas. Da mesma forma que teve paciente que perdeu o olfato, teve paciente que ficou tonto ou que adquiriu o zumbido depois da covid-19", disse ela.
Presente em 42% da população adulta de São Paulo, segundo estudo publicado pela Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, a tontura, por muitas vezes, não costuma ser um motivo para pacientes buscarem auxĂlio médico. Mas, em alguns casos, ela pode trazer limitações e impactar na qualidade de vida. Por isso, quando os episódios forem frequentes, a pessoa deve sempre procurar um otorrinolaringologista.
"Toda vez que o paciente tem tontura, isso indica assimetria do sistema. O sistema de equilĂbrio é como os dois pratos de uma balança. Eles devem estar alinhados, na mesma altura. Se um prato estĂĄ mais para baixo e, o outro, mais pra cima, isso gera tontura. Então é importante avaliar", disse Jeanne. "Às vezes vocĂȘ se levanta rapidamente e deu uma tonturinha, coisa de segundos. Isso passou e nunca mais aconteceu. Mas se é uma coisa que se repete, esse é um sinal que o corpo estĂĄ dando de que a pessoa precisa procurar ajuda".
Fonte: AgĂȘncia Brasil