Em um longo discurso, no qual fez um balanço crĂtico das marcas do racismo na sociedade brasileira, Anielle Franco chamou a atenção para a necessidade de fortalecer polĂticas de reparação da dĂvida histórica do paĂs com o povo negro.
Apesar de a maioria da população brasileira se autodeclarar negra, Anielle Franco disse que "é possĂvel observar que os brancos ocupam a maior parte dos cargos gerenciais, dos empregos formais e dos cargos eletivos", acrescentando que, por outro lado, a população negra estĂĄ no topo dos Ăndices de desemprego, subemprego e de ocupações informais, além de receber os menores salĂĄrios.
A nova ministra cobrou o envolvimento dos não negros na superação das desigualdades. "O Brasil do futuro precisa responder às dĂvidas do passado. E é por isso que em um governo de reconstrução nós gostarĂamos também de falar com os não negros. O enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial é um dever de todos nós", disse.
A nova ministra da Igualdade Racial disse que, nos próximos 4 anos, vai trabalhar para fortalecer a Lei de Cotas e ampliar a presença de jovens negros e pobres nas universidades pĂșblicas.
Também disse que buscarĂĄ aumentar a visibilidade e a presença de servidores negros e negras em cargos de tomada de decisão da administração pĂșblica. Ela adiantou que a pasta ainda deve relançar o plano Juventude Negra Viva, que promoverĂĄ ações que visem a redução da letalidade contra a juventude negra brasileira e a ampliação de oportunidades para jovens brasileiros.
Anielle Franco também mencionou o fortalecimento da polĂtica nacional de saĂșde integral da população negra, e a necessidade garantir direitos de comunidades quilombolas e ciganas.
As cerimônias assunção de cargos de Anielle Franco e Sônia Guajajara, que seriam realizadas separadamente, tiveram que ser remarcadas em uma só solenidade após os atos golpistas do domingo (8), que destruĂram os prédios da RepĂșblica, incluindo a depredação do PalĂĄcio do Planalto.
Desta vez, a assunção ministerial contou com a presença do próprio presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva, que não acompanhou as de outros auxiliares a longo da semana passada. Ele estava acompanhado da esposa, Janja da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros.
Fonte: AgĂȘncia Brasil