Vigente desde 2017, a regra constitucional do teto de gastos limita o crescimento das despesas pĂșblicas, exceto o pagamento de juros da dĂvida pĂșblica, ao crescimento da inflação do ano anterior. Para iniciar a tramitação, o texto ainda precisarĂĄ ser subscrito por, pelo menos, 26 senadores, o que deve ocorrer ainda esta semana.
O texto da PEC da Transição apresentado por Marcelo Castro é praticamente o mesmo da minuta enviada pelo governo eleito, mas com uma alteração. Inicialmente, a exclusão do Bolsa FamĂlia do teto de gastos seria permanente, mas como essa regra não foi bem recebida no mundo polĂtico e entre agentes econômicos, o novo governo decidiu fixar um prazo, que agora é de 4 anos, abrangendo o perĂodo da próxima gestão. A proposta, no entanto, ainda deve sofrer novas alterações durante a tramitação no Poder Legislativo.
"Claro que tudo isso vai ser fruto de intensas negociações e, quem cobre o Congresso Nacional sabe que, dificilmente, uma matéria entra no Congresso e sai da mesma maneira que entrou", ponderou Marcelo Castro, pouco antes de entrar em uma reunião com o presidente eleito Lula, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em BrasĂlia, sede do governo de transição.
Pelos cĂĄlculos dos valores previstos no Projeto de Lei OrçamentĂĄria (PLOA) de 2023, a manutenção do Bolsa FamĂlia em R$ 600 teria um custo total de até R$ 175 bilhões.
"Não tem valor na PEC. Tem a retirada do Bolsa FamĂlia que, com base nos valores previstos no PLOA, pode ser até R$ 175 [bilhões]. O governo eleito colocou essa proposta para avaliação do Congresso Nacional, vamos aguardar a avaliação e aĂ nós nos manifestamos", disse o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Nelson Barbosa, integrante da equipe de transição de governo na ĂĄrea econômica.
"O fato é que não hĂĄ, no Orçamento para 2023, previsão para manutenção do AuxĂlio Brasil, ou novo Bolsa FamĂlia, no valor atual. Então, é urgente garantir a manutenção desse valor, tem milhões de pessoas que dependem desse benefĂcio para o seu dia a dia", acrescentou Barbosa.
Além de excluir o programa Bolsa FamĂlia da regra de teto de gastos pelos próximos 4 anos, a PEC da Transição propõe usar receitas obtidas com excesso de arrecadação para investimentos pĂșblicos, limitado a cerca de R$ 23 bilhões. O outro item da proposta da PEC é excluir da regra do teto de gastos recursos extras obtidos por meio de convĂȘnios e serviços prestados pelas universidades pĂșblicas, além de doação feita por fundos internacionais para ações na ĂĄrea socioambiental. Assim, essas instituições não teriam esses recursos abatidos pela regra do teto de gastos, como acontece atualmente.
Fonte: AgĂȘncia Brasil