Segundo o boletim, o câncer do colo do Ăștero, em sua forma mais grave, acomete 49 a cada 100 mil mulheres no Brasil. Considerada apenas a Região Norte, a incidĂȘncia é maior, 79 a cada 100 mil mulheres, a maior taxa do paĂs. A Região Sudeste registra a menor incidĂȘncia: 36 a cada 100 mil mulheres.
Em todo paĂs, oito a cada 100 mil mulheres morrem em decorrĂȘncia desse câncer, segundo dados de 2015 a 2020. Na Região Norte, o nĂșmero é maior, 15 a cada 100 mil mulheres, enquanto na Região Sudeste cai para aproximadamente 6 mulheres a cada 100 mil.
"Os dados trouxeram informações que mostram o quanto é desigual o atendimento ao câncer do Brasil", diz o epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer Alfredo Scaff. "O câncer é uma doença tempo dependente. O quanto antes fizermos o diagnóstico, melhor. Quanto mais precocemente conseguirmos fazer o diagnóstico, mais rĂĄpido é o tratamento, menos doloroso e maior a sobrevida das pacientes", acrescenta Scaff.
A principal causa do câncer do colo do Ăștero, segundo o Ministério da SaĂșde, é a infecção por alguns tipos de vĂrus chamados Papiloma VĂrus Humano (HPV). Trata-se de um tipo de câncer que demora muitos anos para se desenvolver. As alterações das células que dão origem a este câncer são, no entanto, facilmente descobertas no exame preventivo. Conforme a doença avança, os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor.
Para evitar a doença, a principal recomendação, para todas as mulheres que jĂĄ tiveram relação sexual, especialmente as que tĂȘm entre 25 e 59 anos, é fazer o exame preventivo, o chamado Papanicolau, que é a coleta da secreção do colo do Ăștero, utilizando espĂĄtula e escovinha. O material é colocado em uma lâmina de vidro para ser examinado posteriormente em um microscópio.
As lesões que precedem o câncer do colo do Ăștero não tĂȘm sintomas, mas podem ser descobertas por meio do Papanicolau. Quando o câncer é diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%.
Além dos exames, a vacinação é uma forma de combater a doença. A vacina contra o HPV, é ofertada gratuitamente pelo Sistema Ănico de SaĂșde (SUS) nos postos de saĂșde. Ela é voltada para meninos e meninas de 9 a 14 anos de idade. Podem também se vacinar homens e mulheres imunossuprimidos, de 9 a 45 anos, que vivem com HIV/aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos.
Segundo o Ministério da SaĂșde, a vacinação contra o HPV em adolescentes é adotada em mais de 100 paĂses. Em vĂĄrios desses paĂses, existem estudos de impacto dessa estratégia com resultados positivos na prevenção e redução das doenças ocasionadas pelo vĂrus, como câncer de colo de Ăștero, vulva, vagina, região anal, pĂȘnis e orofaringe.
De acordo com o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, é preciso ter informações confiĂĄveis e estratégias para o combate ao câncer de colo de Ăștero, que é um tipo de câncer que pode ser evitado e até mesmo eliminado do paĂs.
"A gente ainda considera um câncer negligenciado. Sabemos a causa, tem como evitar, tem vacina nos postos de saĂșde e, ainda assim, temos incidĂȘncia alta em algumas regiões", diz Maltoni. "A gente precisa dar uma resposta para isso", enfatiza.
"Câncer é uma doença que tem cura. Câncer do colo do Ăștero no estĂĄgio inicial é curĂĄvel. É um tratamento muito mais fĂĄcil de ser feito, muito mais acessĂvel, menos doloroso para a paciente e sua famĂlia. O que a gente quer com isso é eliminar o câncer do colo do Ăștero, e isso é possĂvel fazer com uma geração", complementa Scaff.
Fonte: AgĂȘncia Brasil