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Comunidades e povos tradicionais é tema da redação do Enem 2022

Por Voz na Comunidade em 14/11/2022 às 15:32:07

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O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2022 é "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil", conforme divulgado pelo Ministério da Educação. O tema vale para as duas versões do Enem: impressa e em computador.

Especialista em redação e mestre em literatura indĂ­gena pela Universidade de BrasĂ­lia (UnB), a professora Ana Clara Oliveira avalia que o tema deste ano segue as tradições do Enem, com "uma pegada social muito forte" e tratando de um recorte muito especĂ­fico: os povos e comunidades tradicionais.

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"Mais do que se restringir a esses povos, o tema abrange os desafios que o resto da sociedade tem para valorizĂĄ-los", disse à AgĂȘncia Brasil a professora do cursinho de redação online Corujando.

Eternamente contemporâneo

"Como sempre, o Enem foi muito bem na escolha temĂĄtica", acrescentou a professora formada em Letras pela UnB. Segundo ela, trata-se de um tema "eternamente contemporâneo", mas que ganha ainda mais força devido à situação atual do paĂ­s – de luta de povos indĂ­genas e tradicionais em defesa de suas terras e culturas – e também devido às recentes mudanças polĂ­ticas, em um momento em que são diferentes visões de sociedade se confrontam.

"É um tema contemporâneo a qualquer momento na história do nosso paĂ­s. Sempre foi e continuarĂĄ sendo cada vez mais contemporâneo, em especial com essa recente valorização [do tema, nacional e internacionalmente]. A academia tem prestado muita atenção no tema, e hĂĄ polĂ­ticas sendo anunciadas visando a valorização desses povos; para que as lĂ­nguas nativas não morram e para que as comunidades sejam preservadas", argumentou.

Problema social silenciado

Mestre em LinguĂ­stica e fundadora do curso de redação @lumaeponto, a professora Luma Dittrich também não ficou surpreendida com o tema. "Foi exatamente o que esperĂĄvamos: um problema social silenciado; um tema-problema que segue a mesma tendĂȘncia dos Ășltimos anos", disse ela à AgĂȘncia Brasil.

Segundo Luma, o nĂ­vel de dificuldade estĂĄ, em geral, mais relacionado às habilidades esperadas do candidato do que propriamente com o tema. "O Enem não espera que o candidato demonstre conhecimento sobre o tema, mas sim capacidade de leitura e reflexão. Portanto, os candidatos que entenderam sobre o problema que estĂĄ dentro do tema e argumentaram refletindo sobre ele se deram bem", disse.

Esteriótipos

A professora Ana Clara enumerou alguns argumentos-chave que podem ajudar nessa dissertação argumentativa. Ela alerta sobre algumas armadilhas que podem diminuir as notas dos candidatos, em especial relacionadas ao uso de estereótipos para se referir a povos ou comunidades tradicionais.

"Pode-se falar sobre reservas, leis de proteção, instituições formadas para garantir a proteção das comunidades. O problema é que, infelizmente, a parte especĂ­fica da valorização desses povos não é muito abordada para os estudantes em suas rotinas acadĂȘmicas. No caso dos indĂ­genas, sempre vistos como entidade do passado. Nesse sentido, o que é mostrado aos estudantes, desde quando ainda crianças, são formas estigmatizadas, com cocares, bochechas pintadas e um barulhinho feito com tapinhas na boca, algo que ninguém sabe de onde foi tirado, mas que virou som caracterĂ­sticos para designĂĄ-los", disse.

Argumentações

"Infelizmente essas populações acabam não sendo vistas como pessoas que usam roupas, estudam, trabalham no cotidiano e estão inseridas na civilidade. São estigmatizadas e apresentadas necessariamente como aquela pessoa na floresta, nua, fazendo rituais. É uma visão muito destorcida que a população, de forma geral, tem e que a escola perpetua direta ou indiretamente. Sem falar nas situações em que, na rotina escolar, a cultura indĂ­gena é apresentada de forma generalizada, como se todos fossem iguais, e, por vezes, romantizada", acrescentou em meio a sugestões sobre como trabalhar o tema.

Professor do curso de redação online Me Salva!, Filipe Vuaden disse que, por abrir possibilidades para a abordagem de diferentes povos e comunidades tradicionais, o tema do Enem deste ano abre um grande leque de argumentações.

"Em termos de dificuldade, é um tema bastante acessĂ­vel porque abre a possibilidade de o candidato direcionar para diferentes povos ou comunidades tradicionais, como ribeirinhos, quilombolas, pantaneiros, caipiras, sertanejos, o que faz com que com muita probabilidade o candidato tenha alguma referĂȘncia para mobilizar o texto", disse ele ao lembrar que a mĂ­dia tem noticiado largamente os povos indĂ­genas por conta de serem alvos de conflitos com fazendeiros, madeireiros e grileiros.

Proposta de intervenção

"HĂĄ muito o que lembrar na hora da prova e levar para o texto, mas tendo como estratégia principal o domĂ­nio das competĂȘncias de avaliação da prova. É preciso ter ciĂȘncia de que, em algum momento do texto, é fundamental fazer referĂȘncia a uma outra ĂĄrea de conhecimento ou disciplina, de forma a ajudar no embasamento da argumentação", disse.

Vuaden acrescenta ser também aconselhĂĄvel a apresentação de uma "boa proposta de intervenção para a abordagem que foi dada ao problema". "No caso, como pensamos em desafios para valorização desses povos e comunidades, o candidato tem de pensar em uma maneira de valorizar ou superar esses desafios. Pode também usar informações históricas, porque desde o perĂ­odo da colonização brasileira os povos tradicionais vĂȘm enfrentando problemas para manterem suas culturas e tradições vivas".

Borboleta e mariposas

Entre as propostas de intervenção, a professora Ana Clara destaca a busca por representatividade no ambiente polĂ­tico. "Esta é uma questão vital, uma vez que a falta de representatividade é bastante explĂ­cita não só na polĂ­tica, mas também em novelas, livros. Sem representatividade, uma borboleta rodeada por mariposas continuarĂĄ sendo mariposa, como dizia uma poetiza que adoro que é a Rupi Kaur", argumentou a professora do Corujando.

CompetĂȘncias

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnĂ­sio Teixeira (Inep), o texto apresentado deve ser, em regra, dissertativo-argumentativo. Ou seja, as ideias defendidas precisam estar embasadas por explicações fundamentadas e por argumentações sobre o assunto. Para tanto, é apresentada uma situação-problema, além de textos motivadores, a partir dos quais os conceitos devem ser desenvolvidos, em até 30 linhas.

"As redações são avaliadas de acordo com cinco competĂȘncias. A nota pode chegar a 1.000 pontos. Por outro lado, hĂĄ critérios que conferem nota zero, como fuga ao tema, extensão total de até sete linhas, trecho deliberadamente desconectado do tema proposto, não obediĂȘncia à estrutura dissertativo-argumentativa e desrespeito à seriedade do exame", informou, em nota, o instituto.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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