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Crescimento de pesquisas clinicas no Brasil é tema de simpósio no Rio

Por Voz na Comunidade em 01/11/2022 às 12:04:41

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Apesar de o setor de pesquisas clĂ­nicas vir crescendo no Brasil nos Ășltimos anos, o paĂ­s ainda estĂĄ em posição de desvantagem em relação ao resto do mundo, disse o diretor-presidente do Instituto Brasil de Pesquisa ClĂ­nica (IBPClin), Luis Russo. Segundo ele, 65% das pesquisas com novos medicamentos, vacinas e equipamentos médicos são feitos na Europa e nos Estados Unidos. "A América Latina desenvolve apenas 4% das pesquisas com novos medicamentos".

No próximo dia 3, o IBPClin, que integra o grupo Care Access, lĂ­der mundial em pesquisas clĂ­nicas descentralizadas, promove simpósio no Hotel Fairmont, em Copacabana, na zona sul do Rio, que reunirĂĄ especialistas nacionais e estrangeiros, membros de empresas de certificação e representantes de indĂșstrias farmacĂȘuticas para debater a expansão dessas pesquisas no Brasil. A intenção é ampliar a rede de centros de estudos na América Latina, para que o Brasil e a América do Sul tenham maior visibilidade para conduzir os projetos.

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Russo afirmou que o Brasil, embora esteja entre os dez maiores mercados farmacĂȘuticos do mundo, em termos de pesquisa ainda se encontra na 20ÂȘ posição no ranking mundial. "HĂĄ muito espaço para crescimento no Brasil, por ter uma base de centros de pesquisa instaladas de qualidade", acrescentou.

Covid-19

Para o presidente do IBPClin, o maior reflexo disso é que durante a pandemia de covid-19, os centros de pesquisa brasileiros conduziram a maioria das vacinas existentes hoje no mercado. "O Brasil teve prevalĂȘncia alta da doença mas, por outro lado, os estudos clĂ­nicos foram muito bem-sucedidos, o que trouxe muita visibilidade e qualidade aos pesquisadores brasileiros". Entre os centros nacionais que participaram de forma significativa do desenvolvimento de vacinas durante a pandemia, ele citou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Butantan e o próprio IBPClin.

Atualmente, 8.805 estudos de pesquisa clĂ­nica são realizados no paĂ­s, o que representa cerca de 42% do total na América Latina e 68% na América do Sul. Apesar da liderança no cenĂĄrio regional, o Brasil concentra apenas 2% das pesquisas clĂ­nicas mundiais. "O Brasil é destaque. É o paĂ­s que tem o maior nĂșmero de pesquisas conduzidas, patrocinadas por indĂșstrias farmacĂȘuticas nacionais e multinacionais, fundações e empresas de biotecnologia".

A cada ano, as indĂșstrias farmacĂȘuticas e de biotecnologia investem US$ 130 bilhões em pesquisa e inovação em nĂ­vel mundial, sendo que os estudos clĂ­nicos movimentam em torno de US$ 30 bilhões. Cada pesquisa demanda, em média, entre cinco e dez anos para ser concluĂ­da, mas somente 10% delas resultam em medicamentos aprovados para uso comercial. "Para desenvolver novo medicamento, os estudos passam por fase pré-clĂ­nica, com animais, e fase clĂ­nica, dividida em quatro etapas, onde hĂĄ participação de seres humanos".

Desburocratização

O simpósio vai abordar a importância da pesquisa clĂ­nica para o Brasil e para a América Latina e a expansão que se pretende fazer nos próximos anos. "Não é à toa que nos paĂ­ses desenvolvidos, onde se faz mais pesquisa e se usa medicamentos de ponta, as pessoas vivem mais. O que a gente busca com esses trabalhos é uma vida mais longa e uma qualidade de vida melhor, propiciando novos medicamentos com menos efeitos colaterais. Esse é o objetivo", disse o médico.

O IBPClin aposta em aumento significativo dos estudos realizados no paĂ­s nos próximos cinco anos. Segundo Luis Russo, o Brasil tem condições de estar entre os dez primeiros paĂ­ses em pesquisas clĂ­nicas do mundo. Para que isso ocorra, no entanto, ele defendeu a desburocratização da parte regulatória, com harmonização da legislação brasileira à internacional, além de melhora na parte logĂ­stica, maior especialização do setor aeroalfandegĂĄrio e que os patrocinadores observem que o paĂ­s tem uma das maiores diversidades populacionais do mundo. "É um paĂ­s diverso. E diversidade e engajamento de voluntĂĄrios nas pesquisas estão na ordem do dia no Brasil".

Russo destacou que o Brasil tem população superior a 200 milhões de habitantes, que se mostrou muito interessada, durante o processo eleitoral, nos rumos da saĂșde pĂșblica e privada. Uma nova legislação jĂĄ se encontra no Congresso Nacional sobre pesquisas clĂ­nicas, o Projeto de Lei 7.082/2017. A expectativa é que o governo eleito dĂȘ impulso à matéria. "Esperamos que o novo governo apoie a pesquisa clĂ­nica".

Áreas de maior interesse são os estudos clĂ­nicos com o desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos para doenças crônicas (cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão, colesterol); dermatológicas, incluindo alergias; as ĂĄreas de imunologia, doenças neurológicas e pulmonares; e, futuramente, a ĂĄrea de maior crescimento de novas moléculas e opções terapĂȘuticas, que é a oncologia.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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