O grupo responsĂĄvel pelo estudo inclui pesquisadores de universidades brasileiras, da Colômbia e dos Estados Unidos. A metodologia foi comparar a mortalidade que era prevista para março de 2020 a maio de 2021, sem a pandemia, e a que de fato ocorreu, com a disseminação do novo coronavĂrus.
"A desinformação relativa ao uso de medicamentos clinicamente ineficazes para prevenir/tratar covid-19, ou mesmo o rechaço de evidĂȘncias cientĂficas favorĂĄveis ao uso de mĂĄscaras, distanciamento social e até mesmo sobre a eficĂĄcia e segurança das vacinas, dificultou implementação de medidas de saĂșde pĂșblica para mitigar os efeitos da epidemia de covid-19", diz Orellana, em texto divulgado pela AgĂȘncia Fiocruz de NotĂcias.
O pesquisador, que coordena o Laboratório de Modelagem em EstatĂstica, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi) da Fiocruz Amazônia, e os demais autores do estudo afirmam que os impactos do aumento da mortalidade foram diferentes nas regiões do paĂs e mais fortes nos momentos mais agudos da pandemia, refletindo não apenas desigualdades de acesso à saĂșde que jĂĄ existiam antes da pandemia, como também o agravamento delas, sobretudo no Norte e no Nordeste.
"O estudo também sugere que o atraso na inclusão de gestantes e puérperas entre os grupos prioritĂĄrios para vacinação, em meados de maio de 2021, a subsequente e equivocada suspensão da mesma naquelas sem comorbidades, bem como a lenta vacinação contra a covid-19 no restante da população geral, durante a explosiva disseminação da variante Gamma, pode ter contribuĂdo para o excepcionalmente alto nĂșmero de óbitos maternos evitĂĄveis no Brasil, evidenciando a urgente necessidade de aperfeiçoamento das polĂticas de saĂșde materno-infantis durante crises sanitĂĄrias", diz o epidemiologista.
A pesquisa possibilitou a produção do artigo Excesso de mortes maternas no Brasil: desigualdades regionais e trajetórias durante a epidemia de covid-19 (Excess maternal mortality in Brazil: Regional inequalities and trajectories during the ovid-19 epidemic), que, segundo a Fiocruz, foi aceito para publicação no periódico cientĂfico Plos One.
Fonte: AgĂȘncia Brasil