Conhecida internacionalmente como monkeypox, a varĂola dos macacos é endĂȘmica em regiões da África e se tornou uma preocupação sanitĂĄria devido a sua disseminação por diversos paĂses desde maio. No Brasil, jĂĄ são 7.019 casos e duas mortes, segundo dados divulgados na manhã de hoje (20) pelo Ministério da SaĂșde.
Conforme a resolução normativa, os planos deverão cobrir os testes dos beneficiĂĄrios que apresentarem indicação médica. O exame é realizado a partir de amostras de fluidos coletados diretamente de lesões que se manifestam na pele, usando um swab [cotonete estéril] seco. As anĂĄlises permitem detectar a presença do vĂrus que causa a doença.
"A inclusão do exame complementar na lista de coberturas obrigatórias foi feita de forma extraordinĂĄria, diante do cenĂĄrio da doença que, atualmente, põe o Brasil entre os seis paĂses com o maior nĂșmero de casos confirmados em todo o mundo", registra a nota divulgada pela ANS.
HĂĄ duas cepas conhecidas da varĂola dos macacos. Uma delas, considerada mais perigosa por ter uma taxa de letalidade de até 10%, é endĂȘmica na região da Bacia do Congo. A outra, que tem uma taxa de letalidade de 1% a 3%, é endĂȘmica na África Ocidental e é a que tem sido detectada em outros paĂses nesse surto atual. Ela produz geralmente quadros clĂnicos leves e é causada por um poxvĂrus do subgrupo orthopoxvĂrus, assim como ocorre por outras doenças como a cowpox e a varĂola humana, erradicada no Brasil em 1980 após campanhas massivas de vacinação.
A varĂola dos macacos foi descrita pela primeira vez em humanos em 1958. Na época, também se observava o acometimento de macacos, que morriam. Vem daĂ o nome da doença. No entanto, no ciclo de transmissão, eles são vĂtimas como os humanos. Na natureza, roedores silvestres provavelmente representam o reservatório animal do vĂrus.
Entre pessoas, a transmissão ocorre por contato direto, como beijo ou abraço, ou por feridas infecciosas, crostas ou fluidos corporais, além de secreções respiratórias. O tempo de incubação do vĂrus varia de 5 a 21 dias. O sintoma mais caracterĂstico é a formação de erupções e nódulos dolorosos na pele. Também podem ocorrer febre, calafrios, dores de cabeça, dores musculares e fraqueza.
Após a contaminação, os primeiros sintomas aparecem entre 6 e 16 dias. As lesões progridem para o estĂĄgio de crosta, secando e caindo após um perĂodo que varia entre 2 e 4 semanas. O maior risco de agravamento envolve pessoas imunossuprimidas com HIV/Aids, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes, crianças com menos de 8 anos de idade e pacientes com leucemia, linfoma ou metĂĄstase.
As primeiras ocorrĂȘncias desse surto internacional teve inĂcio em maio na Europa e nos Estados Unidos. Segundo o Ășltimo boletim da Organização Mundial da SaĂșde (OMS), divulgado em 7 de setembro, jĂĄ foram notificados 52.996 em 102 paĂses. Foram relatadas 18 mortes. Em julho, a OMS declarou a varĂola dos macacos como emergĂȘncia de saĂșde pĂșblica de interesse internacional.
Não existe um tratamento especĂfico para a doença. Como prevenção, a pessoa acometida deve ficar isolada até que todas as feridas tenham cicatrizado. Também é recomendado evitar contato com qualquer material que tenha sido usado pelo infectado. Outra medida indicada pelas autoridades sanitĂĄrias é a higienização das mãos, lavando-as com ĂĄgua e sabão ou utilizando ĂĄlcool gel.
Embora as vacinas para a varĂola humana sejam eficazes para combater o surto da varĂola dos macacos, não hĂĄ, por enquanto, previsão quanto a uma campanha para imunização em massa, tendo em vista a necessidade de produção de doses em escala mundial. Conforme recomenda a OMS, devem ter prioridade profissionais de saĂșde e pesquisadores laboratoriais. Em agosto, a AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) deu aval para que o Brasil importe o imunizante.
Fonte: AgĂȘncia Brasil