Foto: Agência Brasil - EBC
O imóvel foi doado ao extinto Estado da Guanabara na década de 1960, sob a condição de uso para fins policiais e com obrigação de preservação. Entretanto, o prédio não cumpriu sua destinação e está abandonado há mais de 15 anos, em estado de conservação precário. Segundo a recomendação do MPF, um parecer técnico do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) concluiu que as condições da cessão foram descumpridas, o que justifica a reversão do imóvel ao patrimônio federal.
O MPF também pede que o estado do Rio de Janeiro e a Polícia Civil não imponham obstáculos à atuação da União no imóvel e garantam o acesso imediato e permanente para as ações necessárias de preservação. Durante o inquérito, a Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sepol) admitiu não ter condições de adotar medidas de preservação e demonstrou disposição para o diálogo. O MDHC também expressou interesse em firmar acordo com o governo estadual para viabilizar a transformação do prédio em centro de memória, com apoio e financiamento.
O prédio tem profundo valor simbólico, histórico e político. Sede da Polícia Central desde o início do século XX, foi um espaço importante de onde saíram políticas de criminalização da população negra no pós-abolição, por vadiagem, capoeiragem e outros crimes, principalmente um centro de tortura durante a ditadura. A perseguição de religiões de matriz africana gerou apreensões de objetos sagrados cuja liberação só foi possível em 2020, após a Campanha Liberte Nosso Sagrado, com atuação do MPF.
Fonte: Agência Brasil