O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou, por unanimidade, o relatório final que pede a cassação do mandato do vereador Gabriel Monteiro (PL). Ele é acusado, entre outras coisas, de ter feito sexo com uma adolescente e gravado o ato, em vĂdeo que acabou vazando na internet. Os membros da comissão falaram com a imprensa, na tarde desta quinta-feira (11), na Câmara.
Na conclusão do relatório final, contudo, acabaram suprimidas quatro acusações contra Monteiro: denĂșncia de estupro contra quatro mulheres, assédio sexual e moral contra assessores, uso de servidores do gabinete em sua empresa de produção de vĂdeos e ameaças a outros vereadores. Segundo o relator, vereador Chico Alencar (PSOL), esses fatos não faziam parte da denĂșncia inicial e poderiam ser arguidos pela defesa de Monteiro como ilegais, o que poderia prejudicar a denĂșncia.
"Todos esses itens e fatos, que não são objeto da denĂșncia, eles continuam constando do perfil geral, no item 4 do relatório, que fala de fatos laterais de grande relevância. Entretanto, como parte conclusiva, a gente entendeu que, para não gerar qualquer nulidade, qualquer embargo judicial da parte deles, era mais prudente retirar dali. Mas não houve recuo", explicou Alencar.
No relatório final continuam constando, além do sexo filmado com a adolescente, o uso de duas menores em cenas ensaiadas, como em um salão de beleza e em um shopping center, e a encenação de um roubo na Lapa, usando um morador de rua, que depois acaba agredido pela equipe de Monteiro.
A vereadora Theresa Bergher (Cidadania), integrante da Comissão de Ética, disse que espera a condenação de Monteiro, principalmente pelos crimes que ele fez com mulheres e crianças.
"Hoje estamos dando uma resposta às mulheres e às crianças. Porque elas foram as maiores vĂtimas, em todos os elementos que nós vimos no processo. Essas crianças e essas mulheres precisam de uma resposta. E esta Casa tem que dar uma resposta. Nós estamos comemorando os 16 anos da Lei Maria da Penha e sabemos que a violĂȘncia psĂquica é muitas vezes mais grave que a violĂȘncia fĂsica", ressaltou Teresa.
A defesa do vereador afirmou que entrarĂĄ com recurso na segunda-feira (15), o que poderĂĄ inviabilizar a votação em plenĂĄrio pelos demais vereadores, que poderia ocorrer a partir de terça-feira (16). Segundo o advogado Sandro Figueredo, seu cliente é 100% inocente de todas as acusações.
"Ele é 100% inocente. Toda essa articulação veio à tona depois do vereador dar voz de prisão, após uma fiscalização feita [por ele] em um depósito pĂșblico e ele ter se negado [a receber] o oferecimento de R$ 200 mil. Após isso, essa mĂĄfia dos reboques arquitetou toda essa situação, cooptou assessores do Gabriel Monteiro que, simultaneamente, prestaram depoimento contra ele, sem nenhuma materialidade, somente falĂĄcias e conjecturas", sustentou Figueredo.
Ainda que Monteiro seja cassado, ele poderĂĄ se candidatar a deputado federal nestas eleições. Caso seja eleito, terĂĄ direito a foro por prerrogativa de função e o processo serĂĄ transferido a instâncias superiores, podendo levar anos para ser julgado.
Fonte: AgĂȘncia Brasil