A contaminação pela varĂola dos macacos vem se espalhando pelo mundo e trazendo um problema jĂĄ observado historicamente, quando surgiram os primeiros casos de HIV. Chamada na década de 80 por diversos nomes pejorativos relacionados a homossexualidade, a Aids carregou por anos essa estigmatização.
No Ășltimo dia 1Âș, um editorial publicado na Revista Brasileira de Enfermagem alerta para a repetição desse risco, pois o olhar discriminatório ao paciente contaminado com a varĂola dos macacos pode prejudicar o tratamento, protelando o seu diagnóstico e até mesmo a procura por cuidados com a saĂșde.
"O fato de relacionar a orientação sexual com o vĂrus Monkeypox não faz qualquer sentido, jĂĄ que existem opções de comunicação que se podem mostrar igualmente efetivas, como, por exemplo, focar na prĂĄtica de relações sexuais entre indivĂduos infectados, sem categorizar sexualidades ou prĂĄticas em especĂficos, assumindo uma posição globalizada das ações sanitĂĄrias e de controle epidemiológico", diz o texto.
A própria agĂȘncia das Nações Unidas para a Aids mostrou preocupação com o fato de a mĂdia ter reforçado estereótipos homofóbicos e racistas na divulgação de informações em torno da varĂola dos macacos.
A monkeypox, como é conhecida internacionalmente, não é uma infecção sexualmente transmissĂvel, embora possa se espalhar pelo contato Ăntimo durante as relações sexuais, quando existe erupção cutânea ativa.
A infecção é transmitida a partir das feridas, fluidos corporais e gotĂculas de uma pessoa doente. Isso pode ocorrer mediante contato próximo e prolongado sem proteção respiratória, contato com objetos contaminados ou contato com a pele.
Foi o que ocorreu com o professor de inglĂȘs Peter Branch, de 48 anos. Ele e seu companheiro moram na capital paulista e foram infectados pela doença. O britânico, que vive no Brasil hĂĄ mais de 9 anos, queixa-se do preconceito envolvendo a enfermidade.
"Fomos infectados indo a um bar heterossexual. Acho que o mais grave é que homens e mulheres heterossexuais não estão prestando atenção aos sintomas e, portanto, infectando os outros também", disse. "O que incomoda é que as pessoas pensam que isso é só na comunidade gay", completou.
Ele conta que apresentou febre, dor de cabeça, cansaço, e que as lesões surgiram depois. Ele recebeu atendimento no Instituto de Infectologia EmĂlio Ribas. "As manchas doeram um pouco, o chato foi o isolamento, não poder brincar com meus cachorros". Peter jĂĄ se sente bem e acompanha a recuperação de seu companheiro.
Fonte: AgĂȘncia Brasil