O endividamento desacelerou na capital alagoana e, em novembro, marcou 0,5% na variação mensal. O dado é da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), por meio do Instituto Fecomércio AL, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O desempenho de novembro contrasta com os aumentos de 2,3%, em outubro; de 2,9%, em setembro; e de 3,4%, em agosto. Porém, se por um lado houve recuo, do outro há uma perspectiva maior de consumo, conforme explica o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário. "Como se pode notar, o nível de endividamento vinha perdendo tração de crescimento desde setembro, mas ainda bem mais alto que no mesmo mês de 2023. Uma boa notícia é que isso pode impulsionar as vendas de fim de ano no comércio da capital alagoana, já que um menor índice de endividamento demonstra um orçamento flexível para novos consumos", observa.
A inadimplência, que vem em elevação desde junho, ficou em 3,3%, em novembro, reduzindo também o ritmo de crescimento, pois tinha chegado a 5,7% em outubro. No movimento contrário, o volume de famílias que não têm como pagar suas dívidas aumentou em 11,2%, bem mais que os 3% do mês anterior.
Variação do endividamento por faixa de renda
Pelo terceiro mês seguido, diminuiu o número de famílias sem dívidas (-1,5%), uma redução considerável se comparado aos -6,5% de outubro. Esse movimento é visto com naturalidade, sendo reflexo do aumento no número de famílias endividadas. Detalhando por faixa de renda, o subindicador ficou em -11,5% nas famílias de menor renda (até 10 SM) e -3,1% nas famílias de maior renda (mais de 10 SM).
Na classificação "muito endividada", o desempenho foi de 3,5% nas famílias de renda mais baixa e de 33,3% nas de renda mais alta. As que se declararam "mais ou menos endividada", o desempenho foi de 2% nas famílias de até 10 SM e de 42,1% nas de mais de 10 SM; uma redução geral de -6,4%. Já aquelas que disseram estar "pouco endividadas" marcaram 5,9% entre as famílias de menor renda e de -28,6% nas de maior renda, chegando a um desempenho geral de 7,5%. "O comportamento desses subindicadores impactou positivamente para conter o ritmo de crescimento das famílias endividadas em Maceió, o que é muito bom ao liberar crédito para essa época do ano", reforça o economista.
No geral, as famílias de menor renda, após sucessivos aumentos ao longo do ano, fecharam novembro com um endividamento baixo, com 0,26% de elevação. Nas famílias com maior renda, após a redução de -2% em outubro e em setembro, registrou aumento de 3,8% em novembro, o que pode indicar maior propensão ao gasto para o final de ano.
O percentual de famílias que passam mais de um ano pagando dívidas se manteve estável, com os mesmos 9,9% já registrados em outubro. O cartão de crédito ainda é o meio de endividamento mais efetivo, com 98,1% dos consumidores, seguido pelo crédito em carnês (24,8%); um crescimento de 40% em relação ao mesmo período de 2023.
Crescimento da inadimplência
Crescendo desde novembro do ano passado, a inadimplência chegou a 36,8% em novembro de 2024. O número de inadimplentes que não terão condições de pagar suas dívidas saiu de 10,7% (outubro) para 11,5% (novembro). Subiu também o percentual de consumidores com mais da metade da renda comprometida com dívidas, marcando 12,5%, mas, ainda assim, representa uma redução de 22% comparado a outubro.
"Essa desaceleração traz alívio, pois esse indicador tem crescido continuamente nos últimos quatro meses, indicando uma pressão do superendividamento nas famílias de Alagoas, tanto de baixa renda, quanto de alta, apesar do aparente controle financeiro das famílias de maior renda", afirma Rosário.
Nas faixas de renda, a inadimplência aumentou 12,2% entre as famílias com renda mais alta. Considerando que, em outubro, esse indicador ficou em 15,3%, o desempenho de novembro confirma uma inflexão na tendência que vinha ocorrendo desde abril, qual seja, a de estabilidade e de redução da inadimplência para essa faixa de renda. Nas famílias com renda mais baixa, a inadimplência cresceu 2,7%, reduzindo o ritmo (em outubro foi de 5,6%).
Confira a íntegra da pesquisa aqui.
Ascom Fecomércio AL