A maioria das meninas e mulheres alagoanas vítimas de violência sofre as agressões dentro da própria casa. Dados divulgados, nesta quarta-feira (28), pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), por meio de Boletim Epidemiológico produzido pela Gerência de Vigilância e Controle dos Agravos Não Transmissíveis, apontam que 66,7% dos casos ocorreram na própria residência das vítimas.
E entre os tipos e violência que mais acometem as mulheres, está a violência sexual, onde as crianças e adolescentes do sexo feminino são as mais afetadas. Já a violência física é a que mais afeta as mulheres adultas e idosas, ainda conforme o Boletim Epidemiológico produzido pela Sesau.
No período de 2019 a 2023, a pesquisa aponta que 76,5% dos casos de violência relacionada às mulheres atingiram as pretas e pardas; e que 12,2% das vítimas possuíam alguma deficiência. Também é pontuado, no Boletim Epidemiológico, que 36% dos homicídios de meninas e mulheres foram tipificados como feminicídio pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).
A gerente de Vigilância e Controle dos Agravos Não Transmissíveis da Sesau, a assistente social Rita Murta, destaca que os casos de violência contra meninas e mulheres, na maioria das vezes, ocorrem de forma velada e silenciosa.
"Dizemos que é um agravo muito silencioso e, muitas vezes, invisível, justamente por ocorrerem no âmbito do domicílio, de uma forma repetitiva, afetando não só a saúde física, como também a saúde mental das vítimas", enfatiza.
Rita Murta salienta que saber identificar os sinais de risco e situações de violência é o primeiro passo para o enfrentamento.
"Esperamos que, cada vez mais, todas as pessoas, não apenas mulheres, saibam identificar e agir contra as diversas situações de violência, seja buscando ou oferecendo apoio e, principalmente, denunciando os casos de abuso e violência", pontuou.
Constatação
A dona de casa M.V.S., 42 anos, está incluída nas estatísticas que apontam que 66,7% dos casos de violência contra a mulher ocorrem na própria residência das vítimas. Moradora do bairro Vergel, em Maceió, ela passou mais de 15 anos de casada sofrendo violência doméstica, praticada pelo marido.
"Todas as vezes em que ele chegava embriagado em casa e me encontrava acordada, batia em mim. Até que meus filhos cresceram e um deles me disse que, ou eu deixava meu marido ou iria acabar com a vida dele. Ainda insisti, mas ele me deu uma pisa na semana seguinte. Foi quando resolvi denunciá-lo", relatou M.V.S., que aceitou falar com a condição de ter sua identidade preservada.
Assistência
Para atender as mulheres vítimas de violência, a Sesau conta com a Rede de Atenção às Violência (RAV), que garante assistência em saúde as alagoanas acometidas por violência sexual e doméstica. O serviço, conta com espaços de acolhimento, com equipe multiprofissional formada por psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, ginecologistas, pediatras, médicos peritos e policiais civis.
A RAV funciona todos os dias da semana, em quatro unidades vinculadas à Sesau. Para as vítimas de violência sexual e doméstica, são disponibilizados serviços de profilaxia das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), anticoncepção de emergência, coleta de vestígio, aborto previsto em lei, exames laboratoriais, assessoria jurídica, grupos de apoio e acompanhamento médico e psicossocial, por até seis meses após a violência.
Em Maceió, o serviço está disponível no Hospital da Mulher (HM), no bairro Poço, onde a RAV está situada. A assistência às vítimas de violência também ocorre no Hospital Geral do Estado (HGE), no bairro Trapiche, que acolhe pacientes do sexo feminino de até 12 anos.
Já no interior do Estado, o atendimento às mulheres vítimas de violência sexual e doméstica ocorre no Hospital Ib Gatto Falcão, em Rio Largo, que atende todas as vítimas, sem distinção de idade.
Em Arapiraca, no Hospital de Emergência do Agreste (HEA), o acolhimento é voltado às mulheres que residem nos 46 municípios do Agreste, Sertão e Baixo São Francisco, que integram a II Macrorregião de Saúde.
Agosto Lilás
Criada em 2006, a Campanha Agosto Lilás visa chamar a atenção sobre o enfrentamento da violência contra a mulher. Também neste mês, mais precisamente no dia 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completou 18 anos.
Fonte: Redação com Ascom Sesau