Tomar a dose de reforço e manter o esquema de vacinação completo e atualizado ajuda a salvar vidas. A afirmação é de Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
"Todos os lugares tiveram uma queda da imunidade com o decorrer do tempo após a imunização. E eles viram que essa queda era ainda mais acentuada quando se considerava as variantes aparecendo", afirmou.
"Isso nos obrigou a instituir as doses de reforço que salvam vidas. As pessoas que estão adequadamente vacinadas, com duas doses e mais o reforço, e que estão pegando covid-19, estão tendo formas leves. No mĂĄximo, moderadas. Mas não estão internadas, entubadas ou morrendo. Isso é indiscutĂvel. Isso ocorre no mundo inteiro", acrescentou.
Em entrevista à AgĂȘncia Brasil, Mônica lembrou que as vacinas atuais não foram desenvolvidas para as variantes do novo coronavĂrus, mas para aquele vĂrus original, o primeiro identificado em Wuhan, na China. Apesar disso, essas vacinas continuam apresentando uma boa proteção contra a doença. "São vacinas que tĂȘm mantido seu papel principal que é evitar formas graves e óbitos, independente das variantes", observou.
Para ela, as pessoas precisam lembrar que o mundo enfrentou momentos bem difĂceis na pandemia, com a internação e morte de milhões de pessoas. E que isso ainda não acabou. Por isso, os cuidados e a vacinação devem continuar sendo uma constante. "As pessoas tĂȘm memória curta. HĂĄ muito pouco tempo a gente estava disputando leitos, correndo atrĂĄs de oxigĂȘnio para usar em quem estava precisando e agonizando. A gente estava num colapso de saĂșde pĂșblica, vivendo uma situação horrĂvel. E as pessoas jĂĄ não lembram mais disso por quĂȘ? A pandemia ainda não acabou. Estamos com a circulação dessas variantes, principalmente da BA.4 e BA.5. HĂĄ um ligeiro aumento de casos, estamos tendo um novo pico", destacou a diretora da SBIm.
Para ela, faltam campanhas para estimular as pessoas para que ampliem os esquemas vacinais. E não somente contra a covid-19.
"Eu acho que primeiro faltou uma campanha de comunicação mais efetiva. Essa dificuldade logĂstica também. VocĂȘ não sabe que posto vai estar aberto, qual vacina que vão te dar lĂĄ. Tem acontecido falta de comunicação com a população desde o começo da covid-19", alertou. "Agora, é um momento para a gente aumentar essa cobertura para a terceira e quarta doses, quer dizer, o primeiro e o segundo reforço, e as pessoas tĂȘm que ser motivadas", reforçou.
Para Mônica, as pessoas devem continuar se vacinando não só contra a covid-19, mas atualizando a caderneta de vacinação também para outras doenças. Afinal, diz ela, a vacinação também é um ato coletivo de cuidado com o outro.
"A vacina vai muito além de te proteger contra doenças, ela protege a sociedade. A baixa cobertura vacinal estĂĄ nos colocando em risco real. Nova York teve um caso de pólio esta semana. A gente teve em Israel, outro [caso] na Inglaterra, em alguns paĂses da África. Nós estamos com cobertura da pólio baixĂssima e, se a gente não voltar a vacinar como antes, nós vamos ter pólio e sarampo de novo. Não é uma brincadeira: a gente precisa que todo mundo faça seu papel como cidadão e tenha responsabilidade também com os outros. A decisão de não se vacinar também atinge outras pessoas", afirmou.
"Qualquer sociedade civilizada entende que o interesse coletivo prevalece sobre direitos de escolhas individuais. Vacinação é um ato coletivo", observou.
Quase seis milhões de pessoas deixaram de completar o seu esquema vacinal contra a covid-19 no Rio Grande do Sul, revela levantamento divulgado esta semana pelo governo gaĂșcho. Em São Paulo, cerca de 2,4 milhões de pessoas ainda não tomaram sequer a segunda dose de imunizante e outras 19,4 milhões de pessoas jĂĄ estão aptas, mas não retornaram aos postos para tomar as doses de reforço. No mĂȘs passado, o governo do Rio de Janeiro apontava seis milhões de faltosos acima dos 18 anos que não haviam recebido quaisquer doses de reforço no estado.
Deixar de completar o esquema vacinal é se colocar em risco. Com o vĂrus da covid-19 ainda em alta circulação no Brasil, tomar as doses de reforço disponĂveis nos sistemas de saĂșde significa fortalecer os nĂveis de proteção contra a doença, inclusive contra as subvariantes da Ômicron, que jĂĄ respondem pela maior parte dos casos confirmados no paĂs.
Levantamento feito pelo Instituto Todos pela SaĂșde e divulgado no Ășltimo dia 21 aponta que os casos provĂĄveis de Covid-19 provocados pelas subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron - e que fizeram diversos paĂses apresentarem uma nova alta de casos - jĂĄ representam a quase totalidade das ocorrĂȘncias identificadas no Brasil (96,9%).
"Todos que tĂȘm o direito a doses adicionais dos imunizantes disponĂveis; os que ainda não tomaram nenhuma dose devem procurar os postos de vacinação o quanto antes: o reforço vacinal é essencial para enfrentarmos o cenĂĄrio epidemiológico atual e reduzir os impactos à saĂșde", reforçou o instituto nas redes sociais.
A vacina contra a covid-19 fornece para o sistema imunológico ferramentas para que ele possa identificar e combater o vĂrus, funcionando como um reforço para as defesas naturais do corpo humano. E, ao se tomar as doses de reforço, essa proteção aumenta. Foi o que apontou estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Minas. Ele demonstrou, ainda, que essa proteção tende a cair após seis meses da aplicação da dose, mas, ao se tomar a dose adicional, essa proteção começa a se restabelecer novamente.
Fonte: AgĂȘncia Brasil