O coração comercial de Maceió, outrora pulsante e vibrante, hoje se assemelha mais a um campo de batalha urbano, onde os cidadãos são forçados a travar uma luta diária contra a negligência gritante do poder público. O Centro da capital alagoana, crucial para a economia local, tornou-se um vergonhoso retrato do abandono e da indiferença administrativa.
A Rua do Comércio, que deveria ser o cartão postal da cidade, transformou-se em um verdadeiro pesadelo para pedestres e usuários do transporte público. Idosos e gestantes são submetidos a condições desumanas, forçados a esperar por ônibus fantasmas sob o sol escaldante ou chuva torrencial, sem um mísero banco para descansar ou um abrigo digno. É como se a prefeitura tivesse declarado guerra aos mais vulneráveis.
O calçadão do comércio, longe de ser um espaço de convivência e circulação agradável, mais parece um campo minado. Bancos destroçados, lixeiras jogadas ao léu e pisos esburacados formam uma armadilha urbana para os desavisados. A cada passo, os cidadãos arriscam suas vidas em nome do simples ato de caminhar.
As histórias dos moradores são de partir o coração e ferver o sangue. Andressa dos Santos, grávida e mãe de dois filhos, é obrigada a fazer malabarismos com sua rotina, enfrentando condições subumanas nos pontos de ônibus. Um morador do Conjunto Cleto Marques Luz, que preferiu não se identificar por medo de represálias (o que já diz muito sobre o clima de medo instaurado), descreve uma odisseia diária digna de filme de terror, com ônibus imundos e superlotados.
A situação dos idosos, como relatado pela aposentada Maria Josefa, de 71 anos, é particularmente revoltante. Com mobilidade reduzida e problemas de saúde, ela é forçada a realizar verdadeiras peregrinações pela cidade devido à falta de linhas adequadas de ônibus. É como se a terceira idade fosse invisível aos olhos da administração municipal.
O slogan "Maceió é massa" soa como uma piada de mau gosto diante da realidade enfrentada pelos cidadãos. Massa de concreto quebrada nas calçadas? Massa de gente espremida nos poucos ônibus que circulam? A pergunta que ecoa é: Maceió é massa para quem, exatamente?
A ausência de respostas da prefeitura à reportagem é ensurdecedora. O silêncio administrativo frente a tantas denúncias e reclamações só reforça a percepção de um governo municipal ausente, indiferente ao sofrimento da população e incapaz de oferecer soluções para problemas básicos de infraestrutura e mobilidade urbana.
Enquanto o prefeito JHC parece mais preocupado com sua imagem e possível reeleição, gastando milhões em publicidade questionável, o Centro de Maceió definha. A cidade clama por ação, por respeito aos seus cidadãos e por uma gestão que priorize o bem-estar da população ao invés de interesses políticos mesquinhos.
É hora de a população exigir respostas concretas e ações efetivas. O Centro de Maceió merece mais do que promessas vazias e placas de propaganda. Merece dignidade, segurança e um transporte público à altura de uma capital. Até lá, a "Maceió é massa" continuará sendo apenas um slogan vazio em uma cidade cada vez mais difícil de se viver.
Redação com assessoria