Autora é criticada por autorizar personagem queer e mudança de gênero em série de Netflix já que não escreveu nenhum personagem LGBTQUIPN+ em obra literária Julia Quinn, a autora da saga literária Bridgerton, finalmente se manifestou sobre o fato de Francesca (Hannah Dodd) ser queer na série da Netflix baseada em sua obra, aprovando a mudança de gênero de Michael, por quem a jovem se interessará, para Michaela (Masali Baduza). Julia argumentou que está comprometida em tornar o universo Bridgerton mais inclusivo e diverso, mas os fãs acusaram a escritora de apenas querer pink money - dinheiro rosa, como é chamado o poder de compra da comunidade LGBTQIAPN+, já que não há sequer um personagem gay nos livros.
"Muitos fãs expressaram sua surpresa e, para alguns, decepção com a reviravolta no final da 3ª temporada de Bridgerton — que Michael Stirling, por quem Francesca eventualmente se apaixona em O Conde Enfeitiçado, será Michaela", escreveu Julia em seu perfil no Instagram. "Qualquer um que tenha visto uma entrevista comigo nos últimos quatro anos sabe que estou profundamente comprometida com o mundo de Bridgerton se tornando mais diverso e inclusivo conforme as histórias passam dos livros para a tela", garantiu a autora.
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Julia disse, então, que concordou com a mudança por confiar na visão da produtora Shonda Rhimes para a série, e que era importante para ela que o amor de Francesca por John (Victor Alli) fosse mostrado no streaming. "Acho que, no fim, teremos duas histórias, uma nas páginas e outra na tela, e ambas serão lindas e emocionantes", garantiu ela, pedindo que os fãs confiassem no quem vem por aí.
Mas boa parte do fandom não comprou essa explicação. Bridgerton tem oito livros principais, um para cada filho da família título, em um total de mais de 6 mil páginas - e nenhum personagem LGBTQUIAPN+, muito menos um casal. Julia Quinn já foi bastante criticada pela falta de diversidade em sua obra, e deixou correr solto o mito de que, no licenciamento dos livros para o streaming, haveria uma cláusula contratual estipulando que a história deveria ser fiel ao que escreveu, com os mesmos casais.
No final de 2023, quando a atual temporada já tinha sido filmada, ela refutou esta ideia, alegando que não era verdade. Fãs hardcore da série acreditavam que seus casais favoritos teriam a mesma trajetória que na versão literária, ignorando a necessidade da história ser, de fato, mais diversa.
Mas afinal, o que aconteceu?
Shonda Rhimes, que transformou os livros em série da Netflix, faz questão que sua obras sejam diversas e na produção incluiu atores negros em papel de destaque. Na última e terceira temporada, que estreou mês passado, foi revelado que Francesca é queer. Na saga literária, ela se casa com John Stirling (Victor Alli), e vive feliz com ele até sua morte devido a um aneurisma cerebral em O Conde Enfeitiçado. Depois, se apaixona pelo primo dele, Michael Stirling, com quem também acaba se casando.
John (Victor Alli) e Francesca (Hannah Dodd) em 'Bridgerton'
Divulgação/Netflix
Fãs foram extremamente vocais diante da mudança, "invadindo" posts nas redes sociais criticando a inclusão de Masala no elenco de todas a formas possíveis e negando o direito de Shonda adaptar o material original desta forma. O comunicado de Julia foi recebido com raiva por parte do fandom, que chamaram a escritora de hipócrita por defender uma diversidade que não incluiu em seu próprio trabalho.
"Me poupe, vocês querem é pink money", disse uma fã brasileiro no perfil de Julia no Instagram. "Essa mudança de Michael pra Michaela em Bridgerton foi muito pink money", afirmou outra internauta no Twitter. "Vontade de fazer um vídeo explicando porque esse lance da Francesca em Bridgerton é puro pink money, mas preguiça de lidar com a galera que só quer gritar que os fãs dos livro são homofóbicos", protestou outra.
John Stirling (Victor Alli) e Michael Stirling (Masali Baduza) em 'Bridgerton'
Divulgação
Mas teve quem apoiasse Julia - ou pelo menos a mudança feita por Shonda na trama. "Não acho que seja pink money tentar diminuir essa desigualdade na ficção e contar histórias de quem nunca foi representado. Até porque uma série famosa como Bridgerton não precisaria de pink money", pontou outra internauta.
"Galera falando que é queer bait/pink money, ficamos muito bem agradecidos por tal feito, vamos ter casal sáfico Bridgerton e se reclamar vai ter Benedict com um casamento aquiliano lindo e feliz", avisou outra, citando o personagem de Luke Thompson, que é pansexual.