O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu hoje (12) a Proposta de Emendas à Constituição (PEC) 1/22 que cria um estado de emergĂȘncia para ampliar o pagamento de benefĂcios sociais. O texto que estĂĄ em tramitação na Câmara dos Deputados gera R$ 41 bilhões em despesas excepcionais, divididos entre benefĂcios sociais e econômicos e pode ser votado ainda nesta semana. A proposta substitui outra PEC que previa a criação de um fundo de estabilização para o preço dos combustĂveis.
Guedes disse que a PEC dos BenefĂcios Sociais é melhor do que a proposta do fundo de estabilização, que classificou como
kamikaze (suicida) e que, nas contas do governo, custaria cerca de R$ 120 bilhões ao ano. Na avaliação do ministro, a medida que amplia os benefĂcios sociais, como o AuxĂlio Brasil e um
voucher para caminhoneiros é um "exercĂcio de responsabilidade fiscal".
As afirmações do ministro foram feitas durante audiĂȘncia na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para tratar da polĂtica de preços do governo para os combustĂveis. Aos senadores, Guedes lembrou que a proposta do fundo de estabilização chegou a ser defendida por integrantes do governo no ano passado, mas ressaltou que, se tivesse sido aprovada, haveria impacto inflacionĂĄrio ainda maior para a população.
"Podemos, à frente, discutir vantagens e desvantagens de ter um fundo de estabilização de preços de combustĂveis. Mas não tenho a menor dĂșvida de que foi melhor evitarmos a PEC Kamikaze de R$ 120 bilhões naquela ocasião e trocar por um programa de transferĂȘncia de renda aos mais frĂĄgeis de R$ 40 bilhões, que custa um terço. Foi um exercĂcio de responsabilidade fiscal", disse.
Guedes criticou a concessão de subsĂdios para reduzir os preços dos combustĂveis e disse que a estratégia do governo de diminuir impostos federais e estaduais incidentes sobre os combustĂveis foi a mais acertada para a ocasião. "Nós não poderĂamos, mesmo antes da guerra [na Ucrânia], mesmo sem qualquer estado de emergĂȘncia, comprometer cerca de R$ 150 bi até este ano sob a forma de subsĂdios", destacou.
O ministro disse que havia um acordo proposto pelo governo para zerar impostos federais, como o PIS-Cofins, e estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), incidentes sobre os combustĂveis. Segundo Guedes, os governadores deixaram de cumprir o acordo em razão do aumento na arrecadação e que isso levou o governo a defender a aprovação da
Lei Complementar 194/2022, que limitou a cobrança do ICMS de combustĂveis à alĂquota mĂnima de cada estado, que varia entre 17% e 18%.
De acordo com o ministro, somente após a diminuição dos impostos poderia ser feita a transferĂȘncia de renda para os "mais frĂĄgeis". "São transferĂȘncias de renda, não são subsĂdios para os senhores senadores, o ministro ou o presidente da RepĂșblica, para todo mundo usar [derivados de] petróleo mais baratos. Isso seria um erro dramĂĄtico do ponto de vista de polĂtica econômica. Seria socialmente regressivo, injusto com os mais frĂĄgeis."
O ministro foi questionado sobre a polĂtica de preços de combustĂveis da Petrobras, baseada na paridade com o mercado internacional e margem de risco e na distribuição de lucros e dividendos para os acionistas da empresa, em sua maioria estrangeiros. Para os senadores Esperidião Amin (PP-SC) e Jean Paul Prates (PT-RN), a polĂtica, ao lado da venda de ativos, como as refinarias, favoreceu acionistas e prejudicou a população.
"O próprio ministro falou aqui: 'é hora de repartir, de compartilhar'. A conta de estabilização que nós propĂșnhamos aqui fazia isso. No entanto, preferiu-se compartilhar apenas com o grupo de acionistas preferenciais e a própria União, que é acionista majoritĂĄria. Então, na verdade, vender a BR [distribuidora], vender refinarias, vender gasodutos só serviu para fazer um lucro que foi distribuĂdo aos privados e a União", afirmou Prates.
Guedes disse aos senadores que discorda dos aumentos sucessivos no preço de combustĂveis em um curto espaço de tempo. Para o ministro, os aumentos seriam imprudentes. "Eu não gosto dos dois extremos. Acho que esses reajustes frenéticos são imprudentes, é preciso suavizar as curvas de variação de preço. Mas o outro lado, vocĂȘ sentar em cima do preço, também não dĂĄ certo", afirmou.