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Galã da década de 1990, ator avalia representatividade nos dias atuais e fala sobre altos e baixos do meio artístico Luka Ribeiro, 53 anos de idade, conquistou visibilidade como um dos galãs da década de 1990 e atualmente pode ser visto na reprise da novela Cheias de Charme (Globo, 2012), exibida na faixa Edição Especial na grade vespertina da TV Globo. Na trama, ele interpreta o personagem Jiló e tem cenas com Marcos Palmeira e Taís Araujo, que vivem Sandro e Penha.Por onde anda?Longe das novelas desde que fez uma participação em Salve-se quem puder (Globo, 2020), o ator tem mais de 30 anos de carreira e avalia que o meio artístico é marcado por altos e baixos. "Eu me sinto um sobrevivente. Existem mais pessoas qualificadas do que vagas. É uma profissão que mudou muito. Existem as redes sociais, os streamings, falta de contratos longos. Seguir atuando por 30 anos é motivo de satisfação e também de resiliência. Sem determinação e sem coragem, o artista acaba sucumbindo", diz. O ator também enaltece a maior representatividade no audiovisual e conta qual papel gostaria de interpretar. "Há padrões a serem quebrados. Gostaria de fazer um empresário inescrupuloso. O ator negro era muitas vezes escalado para viver homens truculentos, serventes, porteiros, escravos. Isso vem mudando bastante", afirma Luka, que está no elenco do filme Dona Vitória, protagonizado por Fernanda Montenegro, com estreia prevista para 15 de agosto.Casado com Ane Andrade, com quem tem uma filha, Valentina, Luka mantém uma relação sólida há mais de 20 anos. "No meio artístico, muitos relacionamentos são fugazes. Procuro evitar polêmicas, escândalos. Tem muitos artistas que gostam de likes, que lidam com haters. No meu caso, opto por uma relação mais discreta. Não somos um casal margarina. Muito pelo contrário. Temos nossas brigas, desavenças e desentendimentos, como todo casal. Não é fórmula, mas acho que respeito e compreensão são importantes para um casamento."Como define seu atual momento? Você está com 53 anos, assumiu o cabelo grisalho, já se percebeu alvo de etarismo?Estou em um momento de transição. Saio de uma sequência de personagens adultos jovens -- com apelo físico, cenas sem camisa. Mesmo quando eu já não era tão jovem, eu me mantive nesse núcleo. Depois dos cabelos grisalhos, comecei a conquistar personagens mais maduros. Tive a chance de interpretar o pai da personagem da Bárbara Reis ,em Jesus. O mercado passou a me enxergar de outra forma depois de Jesus, mas ainda quero me solidificar com essa imagem de que posso fazer o patriarca.Luka RibeiroReprodução/InstagramVocê atualmente pode ser visto como Jiló, em Cheias de Charme. Quais as recordações deste trabalho?Foi uma das novelas das 7 de maior sucesso dos últimos anos. Era muito bem escrita, dirigida e escalada. Tinha uma abordagem interessante. E foi muito bom poder dividir cenas com o Marcos Palmeira, Taís Araujo... Era uma galera que admiro muito.Acredita que há uma dificuldade na migração dos papéis de 'garotão' para 'homem maduro'?O etarismo existe. Apesar de eu me sentir muito bem para a idade que eu tenho. Na TV aberta, percebi que os protagonistas estão cada vez mais jovens. Ainda é possível encontrar alguns personagens bons para atores na faixa dos 60, mas percebo que a quantidade é menor. Em 1998, quando fiz Meu bem querer, uma novela emblemática na minha carreira, os protagonistas eram José Mayer, Marília Pêra e Angela Vieira -- que estavam na faixa dos 40. Atualmente, os núcleos de protagonistas estão cada vez mais jovens. Luka RibeiroReprodução/InstagramVocê já manifestou vontade de fazer mais vilões. Com o racismo na sociedade, acredita que ainda existam estereótipos a serem quebrados? Acredito que sim. Essa migração é espinhosa, requer certo tempo e um olhar carinhoso de quem escala. Existem algumas transições de carreira que são bem delicadas. Quem começa criança tem aquela fase difícil. Tem a fase de transição adolescente/adulto. No meu caso, que comecei como garotão, é preciso que o mercado olhe como homem maduro e que pode dar continuidade na carreira. Ficamos atrelados à imagem de quando surgimos. Fiz bons personagens como jovem e a transição para o homem grisalho é doída, mas é preciso ter paciência e insistir para que o mercado absorva a gente. Fiz um vilão em Pequena Travessa. O Samurai era o antagonista e, de lá pra cá, não tive oportunidade de fazer um vilão.Te incomoda ver atores negros vinculados a personagens de homens truculentos? Gostaria de fazer um vilão de terno e gravata, por exemplo?Há padrões a serem quebrados. Gostaria de fazer um empresário inescrupuloso. O ator negro era muitas vezes escalado para viver homens truculentos, serventes, porteiros, escravos. Isso vem mudando bastante. O Diogo Almeida fez um médico em Amor Perfeito. O Samuel de Assis também brilhou como advogado em Vai na Fé. A Bárbara Reis como fazendeira. Para mim, isso é especial. Estereótipos estão sendo quebrados. Temos um avanço, sim. Luka RibeiroReprodução/InstagramVocê chama a atenção pelo físico saudável. Como mantém?Corpo e aparência eram muito comentados naquela época. Estou com 27 anos de carreira. Procurei manter meus cuidados, mas tenho 53 anos, não posso querer me comportar como se tivesse 30. Minha meta é estar o melhor possível para a minha idade. Bebo muito pouco -- ou praticamente nada -- de bebida alcoólica. Evito frituras, alimentos gordurosos, doces. Já tirei o açúcar da minha vida há muitos anos. Meu café não tem nem adoçante. Minha alimentação é regrada, rica em legumes, verduras e uma proteína magra. Procuro me exercitar de cinco a seis vezes por semana. Isso me dá a possibilidade de ter um físico próximo do que eu tive. Procuro dormir bem porque é importante ter um sono restaurador. Durmo oito horas por noite e tomo muita água.Recentemente, uma foto sua ao lado de outros galãs dos anos 90 e da Xuxa acabou repercutindo nas redes sociais. Quais recordações tem desta época?As recordações são as mais incríveis. Era um garoto que ainda morava no subúrbio, na Ilha do Governador. Estar ao lado da Xuxa no auge da carreira dela era um sonho para mim. Eu era modelo ali. Não era ator. Depois dessa participação é que conquistei minhas primeiras participações em novelas -- Cara e Coroa, Vira Lata, História de Amor. São muitas as recordações. Era uma época mágica das telenovelas. Era uma época em que recebíamos cartas, tínhamos nossos postais autografados... Tudo isso acabou. Vivemos uma nova era com as mídias digitais em que foi preciso se reinventar.Xuxa entre os galãs da década de 1990 Arnaldo Klay, Mateus Rocha e Luka RibeiroArquivo pessoalProfissionalmente, você aguarda o lançamento do filme Dona Vitória. Como foi dividir o set com a Fernanda Montenegro?A previsão é que chegue aos cinemas no segundo semestre de 2024. Foi a realização de um sonho para aquele rapazinho suburbano fazer um filme ao lado da Fernanda Montenegro, a melhor atriz do país, na minha visão. Ela faz a Dona Vitória, a personagem-título. Sei que é clichê, mas é a nossa grande atriz, uma honra estar com ela no set.Luka Ribeiro e Fernanda Montenegro nos bastidores do filme 'Dona Vitória', que tem estreia nacional prevista para 15 de agostoReprodução/InstagramO meio artístico é marcado por altos e baixos. Como encara isso?Eu me sinto um sobrevivente. É um mercado competitivo. Existem mais pessoas qualificadas do que vagas. É uma profissão que mudou muito. Existem as redes sociais, os streaming, falta de contratos longos. Seguir atuando por 30 anos é motivo de satisfação e também de resiliência. Sem determinação e sem coragem, o artista acaba sucumbindo. Mesmo com tanto tempo no meio artístico, você tem um casamento sólido, nunca se envolveu em escândalos e polêmicas. As brigas de casal existem ou considera que está mais para 'uma família margarina'?Tenho um casamento duradouro e sólido. Estamos juntos há mais de 20 anos. No meio artístico, muitos relacionamentos são fugazes. Procuro evitar polêmicas, escândalos. Tem muitos artistas que gostam de likes, que lidam com haters. No meu caso, opto por uma relação mais discreta. Não somos um casal margarina. Muito pelo contrário. Temos nossas brigas, desavenças e desentendimentos como todo casal. Não é fórmula, mas acho que respeito e compreensão são importantes para um casamento. Também é necessário ceder, de ambos os lados.Luka Ribeiro e a mulher, Ane Andrade, estão juntos há mais de 20 anosReprodução/InstagramLuka Ribeiro e a mulher, Ane Andrade, com a filha, ValentinaArquivo pessoalLuka RibeiroReprodução/InstagramRelembre trabalhos de Luka Ribeiro na TV:Luka Ribeiro nos bastidores de 'Chiquititas', em 1998, novela em que interpretou o professor de capoeira DécioReprodução/InstagramSamara Felippo e Luka Ribeiro, como Baby e Zulu, na novela 'Meu Bem Querer' (Globo, 1998)Reprodução/InstagramLuka Ribeiro como Jiló em 'Cheias de Charme' (Globo, 2012)Divulgação/TV Globo