A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara ouviu nesta quarta-feira (1) o advogado-geral da União, Bruno Bianco Leal. Aos parlamentares, ele explicou o envolvimento da Advocacia-Geral da União (AGU) na defesa da ex-assessora parlamentar Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do AçaĂ.
Em março, o Ministério PĂșblico Federal (MPF) em BrasĂlia enviou à Justiça Federal ação de improbidade administrativa contra a ex-secretĂĄria parlamentar e o presidente Jair Bolsonaro. A ação é relativa ao perĂodo em que Bolsonaro atuou como deputado federal. Segundo o MPF, Walderice foi indicada, em fevereiro de 2003, para ocupar o cargo de secretĂĄria parlamentar e permaneceu lotada até agosto de 2018, quando foi exonerada. Conforme o MPF, durante o perĂodo, Walderice não esteve em BrasĂlia e não exerceu função relacionada ao cargo.
Na ação, o MPF cobra a devolução de todos os salĂĄrios pagos a ela no perĂodo. O valor atualizado ultrapassa R$ 498 mil.
Ao justificar a atuação da Advocacia- Geral da União (AGU) no caso, Bianco destacou que a lei é muito clara. "Nós não só defendemos deputados no exercĂcio do mandato, nós não só defendemos servidores no exercĂcio do cargo, defendemos ex-parlamentares e ex-servidores, desde que o ato em relação ao qual ele estĂĄ sendo questionado judicialmente ou extrajudicialmente tenha sido um ato praticado no exercĂcio do mandato ou quando a servidora estava no exercĂcio do cargo", justificou o AGU.
Aos deputados, o ministro ressaltou ainda que o caso foi levado à AGU pela própria Walderice e que "em nenhum momento" esse assunto foi tratado por ele com o presidente Jair Bolsonaro. Bianco acrescentou que soube do caso pela imprensa e que a investigação na AGU é feita por servidores técnicos, que tĂȘm atuação impessoal. Ainda segundo ele, o caso de Wal do AçaĂ não é inédito. O advogado-geral da União disse que o órgão atua em dezenas de investigações que começaram depois que servidores pĂșblicos foram exonerados de suas funções.
Por mais de uma vez, o ministro rebateu o Ministério PĂșblico, que, entre outros pontos, alega que a ex-assessora não exercia a função porque não estava em BrasĂlia, além disso, apresentou folhas de ponto incorretas. Para Bianco, não cabe a ninguém, além do próprio parlamentar, verificar o ponto de seus assessores. O advogado-geral da União também desqualificou notĂcias veiculadas pela imprensa sobre o caso sob o argumento de que " muitas vezes elas vĂȘm enviesadas".
Ao longo da reunião da comissão, os ânimos se acirraram entre parlamentares da base do governo e da oposição. Houve gritaria e bate-boca entre Jorge Solla (PT-BA) e AlĂȘ Silva (Republicanos -RJ). O deputado Leo de Brito (PT-AC), que presidia a reunião no momento, decidiu encerrĂĄ-la.
O requerimento para ouvir Bruno Bianco foi apresentado pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), para quem hĂĄ desvio de finalidade no gasto dos recursos pĂșblicos. Ele havia sugerido a convocação de Bianco Leal, mas o colegiado concordou apenas com o convite, o que na prĂĄtica desobriga o advogado-geral da União de comparecer.
Fonte: AgĂȘncia Brasil